ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 20-05-2002.

 


Aos vinte dias do mês de maio do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Ervino Besson, Fernando Záchia, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Maria Celeste, Paulo Brum, Sofia Cavedon e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, José Fortunati, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Nereu D’Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Trigésima Sexta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de quórum deliberativo. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador João Carlos Nedel, 27 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, 10 Pedidos de Providências; pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Informações nº 139/02 (Processo nº 1868/02). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 272, 273, 274 e 276/02, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Júlio Pedro Querotti, Presidente da Associação dos Expositores, Auxiliares, Amigos e Apoiadores da Feira do Sábado na Redenção, que discorreu sobre os dez anos de existência da referida feira, chamando a atenção para a qualidade dos produtos expostos pelos artesãos naquele local. Também, ressaltou os aspectos culturais e sociais desenvolvidos por esse evento em benefício da Cidade, propugnando pela aprovação do Projeto de Lei do Legislativo n° 012/01 (Processo n° 0410/01), que trata desse assunto. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Nereu D’Avila, João Antonio Dib, Aldacir Oliboni, Luiz Braz e Haroldo de Souza manifestaram-se sobre o assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e vinte e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a homenagear o transcurso do quadragésimo quinto aniversário de fundação do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, nos termos do Requerimento n° 047/02 (Processo n° 1098/02), de autoria do Vereador Ervino Besson. Compuseram a Mesa: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dom Dadeus Grings, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre; o Senhor Roberto Bier da Silva, Presidente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre; o Padre José Romeo Maldaner e o Senhor Ivo Guizzardi, respectivamente Assistente Eclesiástico e Supervisor Executivo do Secretariado da Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre; o ex-Vereador Vicente Dutra. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson discursou sobre a importância, para a comunidade porto-alegrense, dos quarenta e cinco anos de ações sociais executadas pelo Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre. Ainda, relatou a participação de Sua Excelência em campanhas para angariar recursos em prol de obras assistenciais desenvolvidas por essa entidade, salientando, especialmente, a construção da Cidade de Deus. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson explanou sobre as dificuldades enfrentadas pela Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre para consolidar seus projetos sociais ao longo do tempo. Também, comentou dados pertinentes aos programas socioculturais implementados por essa instituição, principalmente os projetos educacionais destinados à recuperação de jovens e crianças em situação de risco. A seguir, foi realizada apresentação de vídeo sobre as atividades desenvolvidas pelo Secretariado da Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador João Bosco Vaz parabenizou o Vereador Ervino Besson pela proposição da presente solenidade, destacando a atuação do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre em benefício do desenvolvimento de valores humanitários. Também, chamou a atenção deste Legislativo para o trabalho efetuado por voluntários na realização de projetos solidários efetuados por essa instituição. A Vereadora Sofia Cavedon reportou-se aos quarenta e cinco anos de existência do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, exaltando os ideais de solidariedade e fraternidade demonstrados pela Igreja Católica através de programas sociais e comunitários. Ainda, referiu-se ao exemplo evangelizador de Jesus Cristo e examinou os parâmetros pedagógicos defendidos pela Igreja Católica no que diz respeito à educação popular. O Vereador Nereu D’Avila, afirmando ser oportuna a homenagem hoje prestada por esta Casa ao transcurso dos quarenta e cinco anos de fundação do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, analisou as diretrizes filosóficas e espirituais que orientam as religiões na atualidade. Também, referiu-se ao trabalho assistencial promovido pela referida instituição, citando como exemplo a participação da mesma na rede Cáritas Internacional. A Vereadora Maria Celeste saudou a presença de famílias integrantes de projetos sociais implantados pela Arquidiocese de Porto Alegre, exaltando os quarenta e cinco anos de existência do Secretariado de Ação Social dessa entidade. Em relação ao assunto, enfocou as características desse projeto, notadamente no que se refere à preservação e organização da instituição familiar e salientou a importância da participação voluntária para a realização de ações comunitárias. O Vereador Beto Moesch teceu considerações acerca do surgimento da doutrina social da Igreja, especificamente voltada para a área de assistência social, enfatizando as ações desenvolvidas pelo Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre no sentido de combater a exclusão sócioeconômica no Município. Também, pronunciou-se favoravelmente ao teor de cartilha eleitoral elaborada pelo Arcebispo Dom Dadeus Grings. O Vereador João Carlos Nedel lembrou a contribuição dada pelo Cardeal Dom Vicente Scherer às causas sociais, assinalando como exemplo a criação do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre no ano de mil novecentos e cinqüenta e sete. Ainda, mencionou as obras filantrópicas e assistenciais realizadas por essa instituição ao longo de sua trajetória e salientou a justeza da homenagem hoje prestada por este Legislativo a essa entidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia parabenizou o Vereador Ervino Besson pela proposição desta solenidade, afirmando que o trabalho caritativo promovido pelo Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre tem por princípios a busca da igualdade social e o incentivo à solidariedade humana. Também, externou o desejo de que os ideais de justiça, paz e a fraternidade prevaleçam entre os povos. O Vereador Haroldo de Souza referiu-se à crença de Sua Excelência na proteção de Nossa Senhora Aparecida, ressaltando ser a profissão de fé o sustentáculo dos valores espirituais do ser humano. Ainda, destacou a importância dos projetos sociais elaborados pelo Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre no intuito de minorar os problemas sócioeconômicos enfrentados pela população carente. O Vereador Cassiá Carpes felicitou o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre pelo transcurso de seus quarenta e cinco anos de existência, discorrendo sobre a necessidade da integração familiar como fator fundamental para a formação da personalidade humana. Nesse sentido, aludiu aos Projetos de Apoio à Criança e Amparo à Família implementados por essa entidade. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Roberto Bier da Silva e ao Arcebispo Dom Dadeus Grings que, em nome do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, agradeceram o registro hoje feito por este Legislativo, com referência ao transcurso do quadragésimo quinto aniversário de fundação dessa entidade. Após, o Coral do Centro de Promoção do Menor da Cidade de Deus apresentou as músicas "A Padroeira", "Amigos para Sempre" e "Hino de Cáritas". Às dezesseis horas e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e oito minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Paulo Brum, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão e foi apregoada a Emenda nº 01, proposta pelo Vereador João Carlos Nedel e assinada pelo Vereador João Antonio Dib, Líder da Bancada do PPB, ao Projeto de Resolução nº 050/02 (Processo nº 0649/02). Às dezesseis horas e doze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e dezoito minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do nonagésimo aniversário do Colégio Cruzeiro do Sul, nos termos do Requerimento nº 039/02 (Processo nº 0867/02), de autoria do Vereador Paulo Brum. Compuseram a Mesa: o Vereador Carlos Alberto Garcia, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Reverendo Paulo de Werk, Diretor do Colégio Cruzeiro do Sul; Dom Orlando Santos de Oliveira, Bispo da Igreja Anglicana; o Senhor Maurício Andrade, Secretário-Geral da Igreja Anglicana; a Senhora Gladis Furlan Fay, Vice-Presidenta da Associação dos Ex-Alunos do Colégio Cruzeiro do Sul; o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Paulo Brum prestou sua homenagem aos noventa anos de existência do Colégio Cruzeiro do Sul de Porto Alegre, mencionando dados alusivos à trajetória e às atividades desempenhadas por esse Colégio ao longo de sua história e destacando a qualidade do ensino ministrado pela entidade aos seus alunos, visando à formação integral do ser humano. O Vereador Nereu D'Avila saudou os alunos, professores e diretores do Colégio Cruzeiro do Sul pelo transcurso do nonagésimo aniversário de fundação desse estabelecimento de ensino, salientando a justeza da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre a esse Colégio e cumprimentando o Vereador Paulo Brum pela iniciativa de propor a presente solenidade. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Dom Orlando Santos de Oliveira que, em nome do Colégio Cruzeiro do Sul, agradeceu a homenagem hoje prestada pela Casa ao transcurso dos noventa anos de fundação desse estabelecimento de ensino. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino do Colégio Cruzeiro do Sul. Às dezesseis horas e cinqüenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e um minuto, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib externou sua contrariedade a posicionamentos adotados pelo Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre, no que tange à atuação da Via Campesina em manifestações na Cidade, especialmente quanto à fiscalização exercida pela Administração Pública sobre atos políticos realizados por esse movimento nas ruas da Cidade. Após, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Sebastião Melo convidou os Senhores Vereadores a prestigiarem exposição promovida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, a ser instalada amanhã, nesta Casa, a qual versa sobre o projeto "Central de Atendimento Empresarial - Empresa Fácil". Também, discorreu o funcionamento de aterro sanitário localizado no Bairro Lami, criticando a atuação da Prefeitura Municipal no que tange à questão. O Vereador Zé Valdir analisou dados estatísticos que demonstram a redução no número de acidentes fatais de trânsito em Porto Alegre, defendendo as normas constantes no Código Brasileiro de Trânsito que regulam a instalação de controladores eletrônicos de velocidade e salientando o posicionamento de Sua Excelência, contrário a iniciativas legislativas que abrandem as disposições deste diploma legal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia contraditou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Zé Valdir em Comunicações, no que tange ao funcionamento dos controladores eletrônicos de velocidade em Porto Alegre, propugnando pela adoção de medidas públicas que privilegiem a educação dos condutores, em detrimento do caráter fiscal da cobrança de multas sobre infrações de trânsito. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Maria Celeste manifestou-se sobre a cerimônia de canonização de Santa Madre Paulina e acerca da independência do Timor Leste. Também, externou seu pesar pelos atos de violência ocorridos em Caxias do Sul - RS, após a partida de futebol entre o Esporte Clube Juventude e o Sport Club Internacional, os quais resultaram no falecimento do jovem Jéferson da Silva Machado e ferimentos em outras pessoas. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre as normas regimentais que versam sobre a possibilidade de cedência de tempo para pronunciamentos por Vereador que se encontra em Representação Externa, tendo os Vereadores Antonio Hohlfeldt e Marcelo Danéris formulado Questões de Ordem sobre o assunto e o Senhor Presidente prestado informações sobre o tema. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Marcelo Danéris defendeu a atuação do Senhor João Verle como Prefeito Municipal de Porto Alegre, especialmente quanto à garantia da livre circulação e manifestação de movimentos sociais em Porto Alegre. Ainda, informou que a Comissão de Educação, Cultura e Esportes promoverá reunião para debater as eleições do Diretório Central de Estudantes da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em tempo cedido pelo Vereador Paulo Brum, teceu críticas à falta de fiscalização da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC - sobre os ônibus de turismo que estacionam no entorno do Theatro São Pedro. Também, relatou acidente ocorrido na Rua Álvaro Alvim, onde um deslizamento de pedras oriundas de área de propriedade da Prefeitura Municipal ocasionou danos em automóveis que se encontravam no local. O Vereador Pedro Américo Leal discorreu sobre a atuação de Sua Excelência no período em que exerceu o cargo de Secretário Estadual da Segurança, mencionando iniciativas propostas por Sua Excelência no sentido de melhorar a segurança pública no Estado. Ainda, procedeu à leitura de Ofício firmado pelo Senhor Joaquim Kliemann, Secretário Municipal da Saúde, relativo à aquisição de um prédio para instalação do Serviço de Vigilância Sanitária de Porto Alegre. O Vereador Dr. Goulart pronunciou-se sobre a compra de prédio destinado à instalação do Serviço de Vigilância Sanitária de Porto Alegre. Também, aludiu à visita realizada pelo Senhor Mauro Quadros, Assessor de Sua Excelência, a políticos de diversas cidades italianas e dissertou sobre parceria firmada entre a Comissão de Saúde e Meio Ambiente e o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, no sentido de coletar dados sobre os serviços de saúde em Porto Alegre. O Vereador Reginaldo Pujol reportou-se a incidente ocorrido com familiar de Sua Excelência, que teve seu carro imobilizado por alagamento ocorrido no dia de hoje na Avenida Goethe, elogiando a atuação do Corpo de Bombeiros no atendimento à referida ocorrência e propugnando pela interrupção do tráfego nos locais mais propícios a alagamentos durante os dias em que ocorrerem intensa precipitação pluviométrica. O Vereador Fernando Záchia deu continuidade ao pronunciamento efetuado por Sua Excelência em Comunicações, no que tange à instalação de controladores eletrônicos de velocidade em Porto Alegre e à sistemática adotada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre quanto à aplicação e cobrança de multas de trânsito. Nesse sentido, referiu-se a Projetos de Lei do Legislativo em tramitação, que visam a regulamentar o assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt discursou sobre notícias divulgadas pela imprensa brasileira nos últimos dias, relativas a denúncias de envolvimento do Deputado Federal Aloizio Mercadante com atividades irregulares durante o processo de privatização dos serviços de telecomunicações brasileiros. Nesse sentido, registrou a absolvição do Senhor Eduardo Jorge em ações judiciais interpostas contra Sua Senhoria, em razão desse tema. O Vereador Luiz Braz manifestou-se sobre denúncias divulgadas através da imprensa, que apontam irregularidades na realização e concessão de certificados de conclusão de cursos de aperfeiçoamento técnico em agricultura ministrados por associação fundada pelo Deputado Estadual Dionilso Marcon, destacando a necessidade de que as referidas denúncias sejam plenamente averiguadas pelos órgãos competentes. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os trabalhos da presente Sessão, tendo o Vereador Luiz Braz formulado Questão de Ordem a respeito. Às dezoito horas e quarenta e sete minutos, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia, João Carlos Nedel e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Paulo Brum. Do que eu, João Carlos Nedel, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Júlio Pedro Querotti, representando a Associação dos Expositores, Auxiliares, Amigos e Apoiadores da Feira do Sábado na Redenção, está com a palavra, para tratar da regulamentação da Feira do Sábado na Redenção, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. JÚLIO PEDRO QUEROTTI: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, boa-tarde. Peço a licença de V. Ex.ªs para discorrer sobre um assunto muito importante, sobre um evento de grande importância que nós temos na nossa cidade de Porto Alegre, trata-se da Feira do Sábado da Redenção.

Essa feira iniciou em 1992, no mês de junho, no canteiro central da Avenida José Bonifácio. Nós estamos há dez anos trabalhando e estamos buscando, sempre, o reconhecimento como um evento oficial.

Nós começamos com quarenta expositores. Hoje, nós estamos com duzentos e dezesseis expositores com banca numerada e mais noventa e quatro expositores que aguardam por uma vaga. São, praticamente, trezentas e cinqüenta famílias que vivem do artesanato, artes plásticas e gastronomia, naquele local. Nós nos consideramos uma grande família bem organizada e todos convivem harmoniosamente, a gente trabalha aos sábados, das 9 às 16h, e há um convívio com as famílias dos artesãos, juntamente com as pessoas que nos visitam. Pessoas que residem ou que vêm passear no entorno da Praça da Redenção. Nós somos regidos, a Feira, por um regimento, que é construído e aprovado em assembléia geral de todos os expositores. Nós temos um conselho deliberativo, um conselho fiscal, uma coordenação de canteiros e comissões especiais, todos eleitos pelo voto direto. Então, há uma participação de todos os expositores, inclusive os que aguardam lugar para expor. Quando nós temos vaga, somos visitados por artistas de outros estados, ou de outros países. Normalmente, eles expõem conosco, são bem recebidos e enriquecem a nossa Feira. Em junho próximo, estaremos completando dez anos.

Nós consideramos muito a cultura, o lazer e conservamos as técnicas que foram aperfeiçoadas pelo artesão durante muito tempo. Consideramos que a nossa Feira merece ser reconhecida, porque são dez anos de trabalho, dez anos de progresso. Cada artista grava na sua obra a manifestação cultural de uma época e de um povo. O nosso trabalho artesanal precisa ser resguardado. Geramos renda não só para o expositor, mas também para o comércio de alimentos que funciona em volta da Feira. Geramos também emprego e renda para as pessoas que cuidam das mesas e que guardam as barracas de alguns expositores que não podem fazê-lo. Pleiteamos a nossa regulamentação para podermos ter acesso à mídia, por exemplo. Hoje, não nos é dada a importância que temos. Nós temos uma amizade grande com a nossa freguesia, com os moradores do entorno, com pessoas que vêm de outros estados; transformam a nossa feira, praticamente, numa sala de visitas, e isso nos deixa muito contentes. Então se transforma o local onde se ganha dinheiro num local muito bom de se conviver.

Desejamos que a Feira seja reconhecida pela qualidade, pelo tempo que nós expomos e pelo convívio que nós temos com os nossos expositores.

Hoje, tramita na Câmara de Vereadores de Porto Alegre o projeto do nosso Ver. Aldacir Oliboni, Projeto de Lei n.º 12/01.

Minha solicitação é que os Senhores apreciem, pois quem conhece a nossa Feira sabe do que estou falando, e convidamos os que não a conhecem, para que a visitem e tenham contato com a melhor feira de artesanato que nós temos hoje no Estado. Seguramente, é uma feira belíssima, de artistas belíssimos, de grande capacidade.

Preocupa-nos é a falta de incentivos que existe com o nosso artesão, que é o agente principal da arte.

Agradeço a todos e desejo muita paz. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Convidamos o Sr. Júlio Pedro Querotti para compor a Mesa. O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. NEREU D' AVILA: Caro Presidente, Ver. Paulo Brum, Sr. Secretário, João Carlos Nedel, e Sr. Júlio Querotti, em primeiro lugar, gostaria de apresentar nossa saudação a sua presença e a de seus companheiros. Nós fomos autores da regulamentação do Brique da Redenção, que ocorre aos domingos, e conhecemos o problema do Brique da Rua José Bonifácio, que ocorre aos sábados. Tivemos oportunidade de conhecer a organização, a disciplina e o cuidado que tem o Presidente Querotti, juntamente com sua Diretoria, com relação aos expositores. Há um controle, uma situação definida, há uma concatenação de todos os expositores, com lista de espera. Enfim, tudo o que acontece - eu já fui Secretário da SMIC, por isso sei - é informado por intermédio de uma representante, que cuida de todas as questões com relação ao Brique dos domingos. O Brique de sábado, por auto-iniciativa, por autodisciplina, tem, sob a sua direção, uma organização muito boa e que colabora com o Poder Público. Não sei porque, sendo um Vereador da Administração Popular, do PT, o autor deste Projeto, a Administração não tem boa vontade para regular a feira de sábado. Eu já dei pessoalmente a minha solidariedade, e essa história vem desde o tempo da Ver.ª Maria do Rosário, o que mostra que, da parte da Administração, com relação ao Brique de sábado, por influência da Associação dos Moradores, ou por influência da SMAM, há má vontade. Cabe ao autor, que V. S.ª chamou de nosso Vereador – e eu peço desculpas para dizer que é o seu Vereador, porque não é meu, o meu Vereador sou eu mesmo -, resolver. Então, temos a máxima boa vontade para disciplinar e regulamentar o Brique de sábado. Agora, evidentemente, a palavra fica com a Administração Popular. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, meu caro Júlio Querotti, Presidente da Associação dos Expositores, Auxiliares, Amigos e Apoiadores da Feira do Sábado na Redenção, quando V. S.ª fez o pronunciamento da tribuna nos fez lembrar do grande Prefeito Guilherme Socias Villela, me fez lembrar do Ver. Reginaldo da Luz Pujol, porque ambos fizeram o Brique da Redenção, trabalharam por ele. Recentemente até houve uma comemoração e nenhum dos dois foi convidado para aquela comemoração.

Mas fico muito impressionado com a chamada Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, porque para a indústria e o comércio não fazem nada, absolutamente nada. São duzentos e quatorze os integrantes e noventa e seis aguardando oportunidade. Não entendo como é que uma administração tão cara, tão cheia de gente não tenha ainda buscado a solução para um problema que existe. Nem estou pretendendo nenhuma solução, estou querendo que o problema seja solucionado, e essa Administração, que se diz popular, não cuida da população, não cuida dos seus problemas, sobretudo a Secretaria Municipal da Indústria e Comércio não cuida nem da indústria e nem do comércio, não sei o que é que faz. Até não sei o que é que essa Administração está aí fazendo, porque, hoje, quando a população tinha de ser cuidada, na Alberto Bins, o Prefeito diz que não vai tomar iniciativa. É uma pena, mas, de repente, nós mudamos todas as coisas e vocês encontram a solução. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Presidente da Associação dos Expositores, Auxiliares, Amigos e Apoiadores da Feira de Sábado, Júlio Pedro Querotti, é uma satisfação para nós - falo em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores - recebê-lo nesta Casa e temos a informar que esse Projeto, embora tenha iniciado a sua discussão há anos, com a companheira Maria do Rosário, foi reapresentado no ano passado por este Vereador que aqui fala. Desde que apresentamos o Projeto, fizemos uma ampla discussão com os expositores e com a sociedade de modo geral; está sendo discutido no Conselho do Parque e, por essa decisão, temos certeza de que o Conselho do Parque, que discute as políticas dirigidas àquele Bairro, vai acabar se sensibilizando com a necessidade de continuar com a feira, seja ela no domingo, como já foi regulamentada, mas principalmente aos sábados, e esse Projeto está sendo discutido aqui na Casa. É nesse sentido que nós deveremos referendar, sem dúvida, a posição do Conselho do Parque, como também a continuidade desses grandes artistas e produtores de cultura que se estabelecem ali no Brique da Redenção aos sábados. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Quero cumprimentar todos os briqueiros e cumprimentar o Sr. Júlio Pedro Querotti, Presidente da Associação, que está também nessa luta para regularizar o funcionamento dessa feira aos sábados. Acredito que se a SMIC realmente quisesse, se houvesse a boa vontade da SMIC, com certeza absoluta nós já teríamos a regularização da feira, porque, afinal de contas, os briqueiros querem, eles inclusive se submetem - já conversamos com muitos deles - às regras de limpeza para que toda a feira possa transcorrer sem que haja problemas para aquela comunidade do entorno. Então, quanto à comunidade do entorno, os problemas deles são com os horários e problemas de limpeza do local. Esses são os maiores problemas. Então, se a SMIC tivesse realmente boa vontade de fazer uma consulta àqueles moradores e de ter um entendimento direto com os briqueiros, a essa altura dos acontecimentos, não precisaríamos ter um projeto praticamente trancado aqui dentro da Casa, na sua tramitação. Já poderíamos ter esse projeto aprovado, com certeza absoluta, e essa situação resolvida.

Vamos esperar que a SMIC, pelo menos, não continue querendo enganar aquelas pessoas que querem regularizar o Brique aos sábados, que ela realmente atue de uma maneira direta, sincera, a fim de que as pessoas, ao invés de serem ludibriadas, enganadas na sua boa vontade, possam, sim, trabalhar todas elas fazendo com que o melhor realmente possa acontecer para esta Cidade, e o melhor pode ser esse entendimento entre os moradores, entre os briqueiros, com a boa assistência da Prefeitura Municipal.

Quero cumprimentar o senhor e toda a comunidade dos briqueiros pela luta que vocês travam por um melhor artesanato e para um melhor atendimento a nossa população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, Sr. Júlio Pedro Querotti da Associação dos Expositores, Auxiliares, Amigos e Apoiadores da Feira do Sábado na Redenção. Vocês querem a feira regulamentada para sábado, e por que não regulamentada para sábado? Onde é que está escrito que não se pode trabalhar também aos sábados? Quando um país vive um problema de desemprego, como o nosso, vamos cercear, proibindo que a feira livre da Redenção, que, aliás, já se transformou até num ponto turístico da Capital do Rio Grande do Sul – deveria até ser vista como um ponto turístico da Capital do Rio Grande do Sul -, deveria ter todo o apoio da Prefeitura, da Câmara e até do Governo Estadual, ainda é preciso que o senhor venha aqui, se mobilize para pedir uma coisa por que nós teríamos de ser responsáveis e enxergarmos na frente e tomarmos a decisão pelo senhor. Então, o Partido Humanista da Solidariedade está-se se colocando a sua disposição para aquilo que o senhor achar que nós podemos fazer em termos de que essa exposição, que já acontece aos domingos, passe acontecer também aos sábados. É pena que tenha de se mobilizar a sociedade para se fazer aquilo que deveria ser feito por nós, pois, de vez em quando, ou quase sempre, demonstramos muita incompetência na administração do nosso Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Agradecemos ao Sr. Júlio Pedro Querotti pela presença, que aqui representou a Associação dos Expositores, Auxiliares, Amigos e Apoiadores da Feira do Sábado na Redenção.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h24min.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati – às 14h25min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje, o período de Comunicações é destinado a assinalar o transcurso do 45.º aniversário de fundação do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, nos termos do Requerimento n.º 047/02, de autoria do Ver. Ervino Besson.

Convidamos para compor a Mesa V. Ex.ª Rev.ma Dom Dadeus Grings, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre; Dr. Roberto Bier da Silva, Presidente do Secretariado da Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre; Sr. Padre José Romeo Maldaner, Assistente Eclesiástico; Dr. Ivo Guizzardi, Supervisor Executivo; Sr. Vicente Dutra, ex-Vereador.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ocupar esta tribuna no dia de hoje, não temos dúvida, torna este dia um dos mais importantes da minha vida. Por que eu digo isso? A pedido da minha família, meu caro Presidente, Dr. Roberto Bier da Silva, era importante que, pelo menos, eu desse o relato a esse querido povo que está aqui presente, a esses jovens aqui presentes, do que representou na nossa vida essa entidade, como tenho certeza de que representou e vai representar na vida de muitos jovens aqui presentes.

Essa entidade foi fundada em 1957 pelo Arcebispo Dom Vicente Scherer, que nomeou o nosso querido e inesquecível, em memória, Cônego Paulo de Nadal, para dirigir essa organização.

No final de 1959, meu pai vendeu uma propriedade do interior de Casca e nós viemos morar no Município de Portão, numa chácara. Alguns meses após, a minha mãe veio a falecer, em 03 de agosto de 1960. A estrutura da família, naquele momento, ficou extremamente abalada pela perda da mãe. Mas quis o destino que surgisse alguém em nosso caminho, como o Cônego Paulo, que, sabendo daquela situação, em um domingo pela manhã veio até a nossa casa e nos convidou para trabalhar nessa organização. E nós fomos, eu e o meu irmão mais velho, que está aqui conosco.

Iniciamos no Mensageiro da Caridade, e, após, nos juntamos àquela equipe para a construção da Cidade de Deus. Nas horas de folga, e em algumas horas durante a noite e nos fins de semana, participávamos daquela campanha, meu caro Presidente, Dr. Roberto Bier da Silva: um cartão com cem números, a cada número furado era um tijolo doado para a construção da Cidade de Deus.

Em 1961/62, com essa campanha, se construíram cento e oitenta e duas casas. Em 1962, por sugestão deste modesto orador - porque a nossa dificuldade para estudar onde morávamos era enorme, tinha que caminhar 7km a pé, e eu sugeri ao Cônego Paulo: “Quem sabe o senhor doa uma área para se construir uma escola?” Porque já havia bastante casas. Ele disse: “Oh, guri...!” Éramos eu e o meu irmão mais velho que preparávamos a sala para as reuniões, na José Bonifácio, 645. Prontamente a diretoria concordou e cedeu aquela área para a construção de uma escola de 1.º Grau, junto à Cidade de Deus, que hoje tem praticamente dois mil alunos.

Eu quero aqui registrar o que representou na história da nossa vida essa entidade. E V. Ex.ªs hoje têm oportunidade de ver as galerias lotadas de jovens, e a seriedade e o trabalho que essa entidade faz no anonimato.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, pela importância do momento, cedo o espaço de Comunicação de Líder ao Ver. Ervino Besson.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Ervino Besson, V. Ex.ª tem mais cinco minutos em Comunicação de Líder, falando em nome da sua Bancada, o Partido Democrático Trabalhista. (Palmas.)

 

O SR. ERVINO BESSON: Eu quero agradecer ao Ver. Isaac Ainhorn, Líder de minha Bancada e aos demais Vereadores por me oportunizarem ocupar o espaço de Comunicação de Líder para prosseguir no meu pronunciamento.

No ano de 1960 houve grande conquistas para essa entidade. Tive o orgulho de gerenciar a padaria, a confeitaria; havia a fábrica de móveis, criação de suínos e um grande aviário. Foi ali que houve um impulso para o seu crescimento, fazendo com que a entidade tivesse recursos para a sustentação dos custos das obras profissionais.

Em 1976 houve o duro golpe da perda do nosso sempre saudoso Cônego Paulo de Nadal. Ele sempre teve a preocupação de formar pessoas para que a entidade desse continuidade ao seu trabalho, à sua proposta e V. Ex.ªs são testemunhas da enorme quantidade de pessoas que se fazem presentes aqui.

O segundo duro golpe foi em 1976. Na melhor e mais bem organizada criação de suínos detectou-se um foco de peste africana, quando ocorreu aquela barbárie da incineração de toneladas e toneladas de suínos, mais de mil trezentos e cinqüenta suínos. Aquela criação tinha uma grande estrutura, dando sustentação – como já disse – aos custos dessa entidade.

Mas nem por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, a entidade se entregou. Houve a luta de muitas pessoas, como a Irmã Maria, a Irmã Zuleima, o Coronel Dastro de Moraes Dutra – aqui representado pelo seu querido filho, Luiz Vicente Dutra, ex-Vereador desta Casa.

Eu quero citar aqui quatro famílias para homenagear os moradores e os funcionários dessa entidade: Frodoaldo Damasceno, Honorato Vicari, Evaldo Besson e Mário Zortea. Foram as primeiras famílias, os primeiros moradores dessa entidade. E de lá, Sr. Presidente, saíram diversos profissionais, como Darci Gelain, Prefeito de São José do Ouro; Parizotto, professor da faculdade de Palma; este que vos fala, Vereador desta Cidade. E também nesta Casa temos o Edson Ferreira, que tem o seu filho aqui, o Dr. Marcos Dias Ferreira, que é médico desta Casa, e que também teve uma passagem por essa entidade.

Recebi aqui, meu caro Dom Dadeus, o relatório do Secretariado de 2001. Quero registrar o que representa um trabalho no anonimato de uma entidade, Ver. João Antonio Dib, que foi um grande Prefeito desta Cidade. Refeições fornecidas – cento e noventa e seis mil quatrocentas e quinze, uma média de mil seiscentas e quarenta refeições/mês. Crianças apadrinhadas – trezentas e cinqüenta e duas; visitas às famílias – oito mil oitocentas e vinte e oito; acompanhamento à vida escolar das crianças – mil novecentos e trinta e dois, e assim por diante. Atendimento às famílias carentes – cinqüenta e quatro mil cento e trinta e dois; entrega de leite em pó às famílias – sessenta e três mil trezentas e quarenta e oito. Portanto, vejam V. Ex.ªs o trabalho dessa comunidade.

Na quinta-feira, fizemos uma visita ao Pobre Cego, no Hospital Divina Providência e, talvez, no meio dessa multidão tenha alguém representando essa entidade. Disse nesta tribuna e repito: cinqüenta e sete crianças não freqüentam mais aquela escola profissionalizante porque não têm dinheiro para a passagem. Fica aqui o alerta ao nosso Poder Público.

Caros componentes da Mesa, V. Ex.ªs sabem quanto custa um menor preso na FEBEM, hoje, para os cofres públicos? Três mil reais. Então, essa é uma discussão que tem que ser feita. Não se tem uma média de vinte e cinco reais por mês para dar para um jovem freqüentar uma escola profissionalizante como essa? Peço a Deus que dê muita saúde para essa equipe que tem a responsabilidade de tocar essa entidade com galhardia, como V. Ex.ªs têm feito. Ao Dr. Roberto Bier, meu quase segundo pai; ao Padre José Romeo Maldaner, ao Dr. Ivo Guizzardi e à Dona Lurdes Guizzardi, enfim, a toda a equipe que compõe essa entidade, que Deus ilumine o caminho de cada um de vocês, para que vocês possam, cada vez mais, estar ao lado do nosso povo, da nossa gente, principalmente desses jovens, para que eles sejam, no dia de amanhã, gente como nós, por termos passado por uma entidade de responsabilidade, com pessoas de coração voltado à cidadania do nosso povo, que tanto necessita. Um fraterno abraço a cada um de vocês. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Neste momento, faremos a apresentação de um vídeo sobre o tema.

 

(É feita a apresentação do vídeo.)

 

O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente José Fortunati; Dom Dadeus Grings; demais autoridades, já nominadas, da Mesa; Sr.ªs e Srs. Vereadores; público que nos acompanha; Ver. Ervino Besson, proponente desta homenagem. É fantástico poder compartilhar de um momento como este que nos serve para a reflexão - a reflexão do que somos, do que fazemos, de onde viemos, para onde vamos e a missão que aqui temos. Agradeço ao Ver. Reginaldo Pujol pela cedência do tempo, faço este pronunciamento de coração, porque tenho me dedicado, tanto na minha profissão de jornalista - que eu costumo dizer que tenho essa missão social de servir -, como nesta missão de Vereador de Porto Alegre. Fiz o EMAUS, fiz o ECC, sou um voluntário da ACM. A obra de ação social da Arquidiocese de Porto Alegre, nos seus quarenta e cinco anos, é uma obra maravilhosa.

Eu sempre digo que, quando pregamos a paz, a paz não existe sem a justiça - sem a justiça social. E quando exigimos a justiça social, em um país de desiguais, temos de falar em perdoar. Perdoar e dedicar-se a uma causa nobre, como essa da Diocese de Porto Alegre, é preciso passar por uma transformação; e sabemos que a transformação só tem uma porta, a qual abre por dentro, ou seja, nós mesmos temos de abrir a porta do nosso coração, da nossa alma, para que possamo-nos dedicar a essas causas sociais.

Nós temos aqui, Dom Dadeus, dois pastores que são Vereadores, e eu sempre converso com eles sobre essas obras sociais e digo a eles: “Meus amigos, Deus é um só, Deus é bondoso, Deus nos ilumina. Deus não é católico, não é protestante, não é batista. Deus está presente em nossos atos. Deus não dá para o ser humano uma carga maior do que o ser humano pode suportar.” Por isso é brilhante, emocionante, quando podemos assistir aqui a um público que é assistido pela Igreja Católica, as crianças que são tiradas das ruas, que são tiradas dos maus pensamentos, que são tiradas dos vícios, por intermédio desse trabalho social; não só dos profissionais, como dos voluntários, dos abnegados, aquelas pessoas que têm uma missão. Eu sempre digo que nós precisamos, cada vez mais, na nossa sociedade, de pessoas que se doem, de pessoas que sejam voluntárias. Porque nós não queremos, Dom Dadeus, o dinheiro do voluntário; nós queremos é o carinho, o seu tempo, a sua palavra amiga e, acima de tudo, o ouvido amigo. Porque, muitas vezes, a sociedade carente precisa apenas falar, precisa se comunicar, precisa se informar; e aí, sim, nós vamos dar a nossa palavra e o nosso trabalho de conforto. Parabéns ao Vereador Ervino Besson, à Câmara de Vereadores e a todos vocês. Shalom a todos! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esses quarenta e cinco anos de Secretariado da Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, que temos a honra de sediar em Porto Alegre, sabemos que tem uma ação em mais de sessenta Municípios no Rio Grande do Sul, dão para a Igreja Católica uma face muito importante. E eu aprendi na minha história, todos nós aprendemos, que a fé sem obras não tem sentido. E isso nos ajudou, nos ensinou, a Igreja Católica, que a melhor forma, a forma mais concreta, mais objetiva e que tem mais sucesso de evangelizar, é conseguir demonstrar com as obras, concretizar, o que nós chamamos de solidariedade, de humanização. A grande mensagem que o pedagogo Jesus Cristo trouxe foi por meio do seu exemplo, para nós, educadores, é um exemplo muito claro de como se ensina: Jesus Cristo evangelizava contanto parábolas, histórias, fatos, olhando para a vida, para o lado, para as pedras, para a videira e contando parábolas e nos fazendo pensar a partir da vida real. E Jesus Cristo evangelizava com a sua vida, demonstrando com o seu jeito de ser, com o jeito que ele se relacionava com a entrega que fez da Sua vida, como é que demonstramos a fé, como é que a gente vive o amor, a profunda solidariedade de sermos irmãos humanos de direitos iguais. Essa é a face que mais gosto da Igreja Católica. Aprendemos com Paulo Freire que a educação popular, e a Igreja aprendeu muito, a Igreja desdobrou o que Paulo Freire pensava, que a educação popular é a educação que respeita profundamente o ser humano concreto, que vai lá junto ao ser humano concreto, que faz o ser humano adquirir, construir, a sua dignidade, sentir-se ser humano, porque ele é chamado a falar das suas coisas, a se sentir bonito na sua cultura, no seu jeito de ser, no que ele acredita. Isso é fazer educação popular. A Igreja aprendeu com isso, ela foi para junto do povo para se tornar uma profunda educadora popular.

Como a Igreja faz toda essa ação? Com uma grande rede de educadores populares, uma grande rede de voluntários. A Igreja é uma das que mais forma, instiga e põe em trabalho o educador popular que, mesmo sem formação acadêmica, ele não tem o diploma, mesmo sem formação acadêmica, tem a capacidade de dialogar, de se colocar ao lado do ser humano, de oportunizar-lhe o conhecimento, a vivência da sua cidadania, para crescer, conhecer e se colocar no mundo e agir sobre ele. Educação popular é a forma de emancipação que a Igreja faz muito bem, através da sua ação social, nos diferentes programas que a Secretaria Social faz, através da sua inserção no movimento popular, no movimento social, movimento pela moradia. Esta é a Igreja viva, que concretiza a fé, que tem um grande poder de evangelização para a emancipação do ser humano. Esta é a grande mensagem de Jesus Cristo, esta é a Igreja Católica que nós queremos muito viva e com muita vida pela frente. Parabéns por esta face preciosa da Igreja Católica, que ela siga sempre muito forte. Parabéns, Ver. Besson, por nos trazer a oportunidade de exaltar este aspecto da Igreja que muito nos orgulha e longa vida ao trabalho popular. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Comunicações, pelo tempo que lhe cede o Ver. Valdir Caetano.

 

O SR. NEREU D’ AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ilustre colega de Bancada que, por meio de oportuna iniciativa, proporciona esta homenagem aos quarenta e cinco anos de serviço e trabalho que o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre presta a nossa Cidade.

Nós todos estamos enlevados. Os Vereadores que me antecederam foram muito felizes por traduzir que esta data de quarenta e cinco anos – por intermédio do Ver. Ervino Besson –, se transforma num caudal de toda a cidade de Porto Alegre por intermédio desta Câmara, que é a legítima representante da Cidade em todos os seus segmentos sociais, ideológicos e partidários.

Realmente, as religiões, e eu falo no tempo do Ver. Valdir Caetano, que é pastor evangélico, ao qual eu agradeço a cedência do tempo, mas ele, como todos nós concordamos que as religiões são grupamentos sociais e que têm um conteúdo filosófico, um conteúdo espiritual – todas elas –, não se complementam, e não se completa esse conteúdo, se não pensarem no seu próximo, se não fizerem algo por seu irmão. Aliás, o lema até hoje vigente no Secretariado é: “Todos somos irmãos.” Não se completa, dizia eu, se não buscarmos ajudar o nosso semelhante. Então, a Igreja Católica, que passa momentos, agora, de apreensão, em relação à mídia apresentando situações que, evidentemente, num universo fantástico e mundial, seria percentualmente mínimo, mas que sempre chama a atenção, porque se trata da Igreja de Pedro, que foi fundada por Pedro, discípulo de Jesus, e, portanto, tem dois mil anos de existência.

Mas esta Igreja não poderia ser espiritualmente forte se não buscasse no seu semelhante, no nosso irmão carente, na criança, na terceira idade os motivos do trabalho realizado pela Arquidiocese. Trabalho abrangente do qual foi mostrada, há poucos instantes, para nós todos, a divisão desse trabalho social e que um dos movimentos Cáritas pertence à Cáritas Internacional e também é um dos departamentos da Arquidiocese que presta esse ingente e magnífico trabalho, não só de evangelização, mas principalmente de assistência social aos nossos necessitados.

Aqui estão presentes pessoas muito queridas para mim e para a minha esposa, lá da Igreja São Judas Tadeu, onde nós acompanhamos o trabalho fantástico feito na Vila São Judas Tadeu, também, através da Cáritas e através do trabalho da ação social da Arquidiocese de Porto Alegre.

Por isso, Dom Dadeus Grings, que substitui o nosso magnífico - desde Dom João Becker - Vicente Scherer, que, junto com o Cônego Nadal, fundou a Secretaria de Ação Social, que se inspirou nessa imensa teia de trabalho social, receba a nossa homenagem e o nosso preito, porque são quarenta e cinco anos de atuação direta naqueles que necessitam de amparo desde a mão amiga, do afago espiritual até o apoio material, porque nem só de espírito vive o homem, também vive de pão, diz a Igreja há muitos anos.

Portanto, não se pode, ao lado da evangelização, olvidar, esquecer o nosso irmão carente, para que ele cresça, não só espiritualmente, mas, principalmente, materialmente, porque a crise que assola o mundo, hoje, nela é necessário que as grandes organizações, como a Igreja Católica Apostólica Romana se dediquem e não olvidem esses necessitados. Portanto, fica aqui a nossa homenagem a esses quarenta e cinco anos de luta, esses quarenta e cinco anos de busca, de amor e de caridade a todos os necessitados.

É vigente, emblemático e atualíssimo o lema que até hoje vige e com o qual nós encerramos a nossa homenagem a esses quarenta e cinco anos da Arquidiocese Social de Porto Alegre: “Todos somos irmãos.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Adeli Sell.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. José Fortunati e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Uma saudação especial às famílias, às comunidades que aqui estão, às crianças, aos padres, às representações das entidades, dos movimentos que vieram hoje a esta Casa prestigiar um momento importante, que nos faz refletir sobre o trabalho de uma obra iniciada há quarenta e cinco anos na cidade de Porto Alegre pela Arquidiocese de Porto Alegre. E uma obra, como nós vimos, com trabalhos, com números, grandes números na área da Assistência Social.

Não quero aqui repetir dados que já foram referidos pelos outros Vereadores, mas quero ressaltar a importância destes dados para o cotidiano, para a vida das pessoas, das famílias, para a sua vida material, mas queria ressaltar mais do que isso, a importância deste trabalho na organização; na organização das famílias, na organização da vida de cada ser humano da cidade de Porto Alegre, porque não adianta a gente dar o peixe, como diz a parábola, não é? É necessário mais do que isso. E mais do que ensinar a pescar, é necessário estar no cotidiano dessas famílias, auxiliando, promovendo a sua organização, o seu autogerenciamento. Isso se faz com a doação material, sim, mas muito mais do que isso, faz-se com a doação espiritual, com o incentivo. Incentivar, dizendo para cada uma das pessoas, para cada uma das crianças que é possível ter um mundo melhor, uma vida mais digna, e que todos nós nascemos para ser felizes, embora, às vezes, isso nos pareça tão longe, tão irreal, principalmente quando a fome aperta, quando a miséria bate.

Gostaria de ressaltar esse aspecto do projeto: a organização, o gerenciamento, o poder estar junto, o trabalho dos voluntários, dos agentes comunitários, que são mais de sete mil pessoas, que fazem a sua doação, o seu amor cotidiano de estar ali, presenciando o que as famílias necessitam. Não vão lá só levar o alimento, a cesta básica - como conheço muito bem, por meio da Paróquia Santa Rosa de Lima, da comunidade que ali atua. As lideranças dos agentes pastorais que ali atuam participam do dia-a-dia da família. Eles não vão lá só entregar a cesta básica, não. Eles fazem e cumprem aquilo que é o objetivo e a proposta do programa. Por isso, em Novembro de 1956, oportunidade em que foi criada pela CNBB, diziam que seu objetivo era organizar e participar da prática da justiça e da solidariedade, contribuindo na construção de alternativas, para que todas as pessoas tenham igual direito a uma vida digna. É isso que a Arquidiocese tem feito nesses quarenta e cinco anos, porque, caso contrário, não estaríamos com esse Plenário lotado para uma bonita homenagem, para mostrar que é possível que as pessoas tenham vida, vida com dignidade, que as pessoas tenham o direito de ter uma vida e de serem realmente felizes.

Eu quero dizer, para finalizar, que falo também em nome dos demais Vereadores da minha Bancada, do Partido dos Trabalhadores, e dizer da nossa alegria de poder estar falando sobre este importante trabalho, uma vez que se cuida das pessoas não só no seu aspecto material, mas que se leva, no seu cotidiano, a sua organização, o seu poder de autogerenciamento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) “Para que mais gente possa ser gente.” Isso sempre perseguiu a história da Igreja. A Igreja sempre concedeu à sociedade um imenso e qualificado aparato de assistência social, principalmente no que diz respeito ao ensino e à saúde. Daí surgiu a Rerum Novarum, a base da Doutrina Social da Igreja. Indignada com o aumento da miséria no mundo, a Igreja estabeleceu uma doutrina muito bem embasada, visando à justiça social, que é o que nós todos devemos perseguir. Aliás, neste ano, muito bem objetivada por meio da cartilha eleitoral da Arquidiocese de Porto Alegre, liderada por Dom Dadeus Grings, que coloca, objetivamente, esse princípio de alcançarmos a justiça social.

Dentro desse princípio e desse espírito surgiu o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, que não é apenas um trabalho assistencialista, mas muito mais do que isso: de informação e de formação das pessoas necessitadas. E mais importante: não é um trabalho apenas do clero, mas da Igreja como um todo, ou seja, junto com os leigos, junto com a comunidade. A comunidade, irmanada em solidariedade, buscando colocar em prática esse princípio da justiça social: “Para que mais gente possa ser gente.” Daí logo surgiu o lema desse trabalho: “Todos somos irmãos.”

Foi-nos mostrado aqui o trabalho da Cidade de Deus: além de residência, os habitantes passaram a contar com uma grande rede de apoio para o desenvolvimento sócio-familiar. O programa de proteção à família, dentro desse projeto onde mais de cento e quarenta e uma mil pessoas foram atendidas, são números que impressionam, mas que não são só de assistência - volto a insistir - mas de informação, de formação, de espírito comunitário muito bem embasado e que vocês aqui dão exemplo e mostram o quão qualificado é esse trabalho da Arquidiocese de Porto Alegre. Lembro que na Paróquia São Sebastião, quando fazíamos a chamada Ação Natal, batendo de porta em porta, colhendo donativos para os mais carentes, ao entregarmos, sempre o fazíamos formando, educando e interagindo com a sociedade que recebia aqueles donativos. Podem falar o que quiserem da Igreja Católica, mas ninguém mais do que ela faz um trabalho muito bem feito, direto e constante nos lugares mais carentes, seja em que vila nós formos, seja em que lugar carente for, está lá algum trabalho da Igreja Católica. No vazio, na omissão do Poder Público, está lá a comunidade católica, interagindo, educando, promovendo saúde pública, evangelizando para que este mundo, onde a miserabilidade aumenta, onde a carência é constante, possa um dia ser menos sofrível.

Nossos parabéns ao Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre pelos seus quarenta e cinco anos, e que essa parceria se estabeleça e se aprofunde também aqui com a Câmara Municipal de Porto Alegre, porque nós também temos o dever “para que mais gente possa ser gente”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Almerindo Filho.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Primeiramente, agradeço a cessão de tempo que me foi concedida pelo Pastor e Vereador Almerindo Filho e dizer que falo também em nome dos ilustres Vereadores João Antonio Dib e Pedro Américo Leal.

O saudoso Cardeal Dom Vicente Scherer, sempre lembrado com tanto carinho, por seu carisma pessoal, por suas tantas virtudes e também pela sua enorme capacidade de trabalho a serviço do povo de Deus, tem a sua trajetória de vida assinalada por muitas obras importantes, entre as quais, destaca-se de forma notável a recuperação e o fortalecimento da Santa Casa de Misericórdia, hoje uma referência nacional e internacional.

Pois foi Dom Vicente Scherer o criador do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, entidade que, no dia 1.º de janeiro, completou quarenta e cinco anos de existência, todos dedicados ao serviço de nossa população, por isso, hoje, recebendo, desta Câmara, uma justa homenagem por iniciativa de meu ilustre colega e irmão em Cristo, Ver. Ervino Besson, a quem saúdo efusivamente.

Talvez o nome Secretariado de Ação Social da Arquidiocese seja um nome estranho à maioria dos senhores e senhoras, mas um de seus trabalhos permanentes é a Cidade de Deus, que, certamente, todos conhecem e que conta com uma média permanente de trezentas e doze famílias residentes, com escolas, posto de saúde, orientação religiosa, atendimento dentário e estrutura de segurança pública próprios. Seu programa de proteção à família realizou mais de cento e quarenta mil atendimentos em 2001.

É obra do Secretariado de Ação Social igualmente a Cáritas Arquidiocesana, que, talvez, também não seja muito conhecida, mas graças a sua ação foi montada uma rede de atendimento da Igreja Católica que, somente na nossa Arquidiocese, conta com trezentas e sessenta e sete obras sociais localizadas em paróquias, oitenta e sete creches comunitárias, vinte e três casas de moradia e convivência para idosos e setenta e cinco grupos de terceira idade, totalizando quinhentas e cinqüenta e duas entidades que atuam na promoção humana.

Talvez alguém não conheça o Secretariado de Ação Social, mas certamente conhece o Mensageiro da Caridade e sua imensa ação social.

Senhoras e senhores, o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre é uma instituição da Igreja Católica. Por isso, todo seu trabalho em favor dos mais pobres e da inclusão social, que completou quarenta e cinco anos, vem impregnado do espírito cristão, visando ao restabelecimento e à promoção da dignidade da pessoa humana.

A dimensão do resultado desse trabalho - que não pára aqui, mas está em contínua expansão - não pode ser verificada em números, pois transcende à mera observação física para se projetar e expandir no psicossocial.

Oxalá na Administração Pública, em todos os níveis, o resgate dos excluídos fosse além da palavra fácil e se tornasse realidade, com a mesma eficácia.

Por isso, a justa homenagem que a Câmara ora presta ao Secretariado de Ação Social da Arquidiocese não tem um sentido apenas laudatório, mas especialmente de dar relevo à notoriedade da obra, num ano em que a solidariedade está sendo proclamada como propulsora da paz e da justiça. Que seu exemplo possa ser seguido por quantos têm a responsabilidade oficial de buscar e realizar o bem comum.

Quando se fala em solidariedade, se fala em Secretariado de Ação Social de Porto Alegre. Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PSB.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Uma saudação especial ao proponente, nosso Ver. Ervino Besson. Inúmeros Vereadores tiveram a oportunidade de aqui ressaltar essa obra criada em 1957 por Dom Vicente Scherer, que é o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto alegre. Baseada no princípio, que é o lema da entidade, “Todos somos irmãos”; baseada em um princípio que busca atingir a igualdade a todas as pessoas, mas incentivando a solidariedade e a partilha, que é algo que se busca; mas no mundo como o nosso, que cada vez mais faz as pessoas serem egoístas, em que muitas vezes o ter é mais importante do que o ser.

Nunca, no mundo moderno, ou em qualquer época da nossa civilização, produziu-se tantos grãos, mas, ao mesmo tempo, nunca, em momento nenhum do mundo, se viu tanta fome e tanta miséria. Hoje, no nosso mundo, são milhões e milhões de pessoas que não têm o que comer e morrem, diariamente, de fome.

Mas este programa, que busca esta solidariedade, ao mesmo tempo incentiva algo que nós aprendemos na Igreja, que diz que ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar. E é em cima disso que se busca essa solidariedade, fazendo com que essa solidariedade humana possa ser aproximada, como nesses programas da Cáritas, que as pessoas conhecem, o Mensageiro da Caridade vai lá e busca.

Esse programa de proteção às famílias que cuidam, esse apoio, porque, cada vez mais, no nosso mundo moderno, as famílias estão fracionadas. Querem acabar com as famílias. Isso faz com que aquele apoio importante, porque é no seio da família, onde se discute, diverte-se e se briga, é lá que se constrói o amor.

Essa obra maravilhosa da Cidade de Deus, com mais de trezentas famílias, com toda a infra-estrutura, mostra o que a Ver.ª Sofia Cavedon falou, baseado no princípio de São Paulo que diz que “toda fé sem obra é uma fé morta”. Então, isso nos faz com que, cada vez mais, sintamo-nos compromissados. E às crianças – eu as vejo aqui em grande número –, que diz: “Toda a vez que fazes às crianças, está fazendo a mim.”

Portanto, parabéns Dom Dadeus pela oportunidade de mostrar que uma vida digna é possível. Parabéns por não interromper a possibilidade de sonhar; sonhar na busca de um mundo mais justo e mais fraterno. Sonhem, busquem os seus elementos. A vida não é fácil, é difícil, mas os sonhos nos movem. Ontem foi dia de Pentecostes. Pedimos que os dons do Espírito Santo continuem derramando as suas bênçãos aos religiosos, para incentivarem as obras, mas também ao povo, ao povo da nossa Cidade, na busca de conceber esse espírito de solidariedade e justiça social. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder, em nome do Partido Humanista da Solidariedade.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. José Fortunati e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu trago na lapela do meu paletó, há muitos anos, desde quando comecei a usar paletó, não o emblema do meu Partido, o Partido Humanista da Solidariedade, mas trago, simbolicamente, a imagem daquela que me protege; daquela que protege o povo brasileiro: Nossa Senhora Aparecida.

E nesses momentos, falar nesses momentos de tanta intimidade do ser humano, eu confesso que estou nervoso. Apesar do meu costume de empunhar microfones esportivos de rádio e falar para milhões de pessoas, nunca tanto, com tanta intimidade, como neste momento que estou aqui, nesta homenagem que é prestada ao Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, para que mais gente possa ser gente. Deus é igual para todos, disse a Ver.ª Sofia Cavedon, e ela está absolutamente certa. Gente nasceu para ser feliz, disse outro Vereador que não me recordo agora. Absolutamente certo. Mas o trabalho que faz o Secretariado, a Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre às pessoas mais carentes... E é para vocês que me quero dirigir. Porque, enquanto neste plano em que estamos, enquanto aqui na Terra existir a fé e existirem pessoas como vocês, que notamos, à distância, humildes, simples, mas com o coração transbordando de fé, de crença no dia de amanhã, é possível, sim, brigar por essa tal de felicidade, felicidade a que todos nós temos direito. Quando aconteceu um fato na nossa fronteira de várias “pessoinhas” morrerem no incêndio de uma creche, dirigi-me violentamente a Deus e conversei com Ele de forma muito séria, no ar, pelo meu trabalho. E recebi uma explicação da Arquidiocese de Porto Alegre, por escrito, que me encheu de alegria. Não pelo fato de ter vindo uma reprimenda, não, mas por eu ter recebido, Dom Dadeus, mais um ensinamento, entre os tantos que o seu Benedito, meu pai, ensinou-me quando ele me levou para seguir os caminhos da Igreja Católica. Sei um pouco da história da Igreja Católica, sei o que move o espírito de vocês que acreditam em Deus, e feliz do homem, feliz da mulher, como vocês que aqui estão, que encontrar pela frente pessoas como estas que formam a Arquidiocese de Porto Alegre, porque vocês estão amparados pela fé, pela esperança, pela certeza de que é possível, sim, ser feliz sem depender de nós que participamos das administrações governamentais. Que bom seria se a Arquidiocese de Porto Alegre, se as arquidioceses espalhadas por todo este Brasil de nosso Deus não necessitassem ter um Mensageiro da Caridade, se tivéssemos já uma igualdade social definida. Mas isso é impossível pela ganância do ser humano, isso faz parte do ser humano - essa briga pelo dinheiro, essa briga pelo poder, essa briga pela decisão, essa briga por querer ser mais e cada vez mais. E cada vez que o orador que aqui tinha feito seu pronunciamento saía, e vocês faziam tremular esses lenços, amarelos, azuis, brancos, vermelhos, tocava-me no fundo do coração - pois eu sou muito emotivo - porque essa é a simbologia da fé, simbologia de que vocês realmente estão no caminho certo, não só porque isso foi ensinado por Dadeus e sua equipe, mas porque o Brasil é o País de maior número de população católica da Terra, e já temos nossa primeira santa, a nossa santa canonizada ontem, Santa Paulina. Que Deus abençoe todos vocês, que o caminho de vocês continue sendo brilhante e que os outros que vão suceder essa equipe da Arquidiocese possam dar a vocês o mesmo sentido, principalmente para os brasileirinhos e brasileirinhas que estão aqui, essas crianças que estão amparadas, ao contrário daquelas que estão jogadas ainda pelas ruas de Porto Alegre. Para encerrar, eu gostaria simplesmente de dar a todos vocês que formam o Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre os cumprimentos deste Vereador, e vamos continuar para que mais gente possa ser gente, gente como o Ver. Ervino Besson, que pediu esta homenagem merecida a todos vocês. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PTB.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu vou tocar em um assunto que é a presença de vocês aqui e que, para mim, é muito importante: a família, a família estruturada, como vocês, não interessa se é pobre ou é rica, porque uma família desestruturada é um caos para a nossa sociedade. Eu me criei numa família de seis irmãos, onde eu sou o mais novo, e, com a doença de minha mãe, um foi para a minha avó, outro foi para a minha tia, foram saindo, e eu, como mais jovem, fui ficando. Mas a família é tão importante que o meu pai, de tanta confiança que tinha em mim, o mais novo em casa, que mandava em casa, que assumia a responsabilidade como líder da casa, porque tinha o tal perfil, quando eu saí de São Borja para vencer na vida, no esporte, perguntavam para o meu pai e ele sempre dizia assim: “Quanto a este, eu não me preocupo, este eu não sei nem onde anda, porque ele sabe o caminho.” Porque ele me conhecia e nós tínhamos, não obstante os problemas, uma família estruturada, uma família em que o pai nos dizia o caminho.

Vejo aqui que neste projeto sempre se fala em proteção à família, projeto de apoio à criança e amparo à família, a meta é atingir a criança e, simultaneamente, evitar a desestruturação da família. A cada assalto, a cada roubo, a cada prisão, a cada problema de uso de tóxicos, vem um pai que se refere ao filho às vezes da seguinte forma: “Ele era assim, era difícil controlá-lo, era difícil impedir que ele fosse para o caminho errado.” Ontem, eu estava em Caxias, vocês já devem saber o que foi o terror de Caxias, um jovem de quinze, dezesseis anos estourou uma bomba nas suas mãos, ou no seu corpo, alcançando a mão de um oficial da Brigada. Ficamos lá até às 23h30min para acompanhar. Aí, quando entrevistam os pais, eles dizem que não tinham como controlar. Eu pergunto para vocês: será que essa família era bem estruturada? Será que essa família tinha controle da situação dos seus filhos? Eu acho que não, essa família não era bem estruturada, essa família não tinha capacidade de discernir dentro do seu seio e mostrar o bem, mostrar o caminho. Portanto, vocês que estão aqui, que são essa grande família unida, é que vão levar essa mensagem positiva. Os tóxicos estão aí, e só a família, Dom Dadeus, poderá determinar o rumo para que possamos coibir esse mal que está afligindo, que está corrompendo a nossa sociedade. E é à família, Dom Dadeus, que eu dedico estas minhas palavras, e as dedico também a esta obra preciosa, esta obra magnífica, ou seja, a este trabalho por meio do qual vocês auxiliam a família, pois a família está acima de tudo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): É com muita honra e alegria que concedemos a palavra ao Presidente do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre, Dr. Roberto Bier da Silva.

 

O SR. ROBERTO BIER DA SILVA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Minhas senhoras, meus senhores; jovens que aqui vieram para se solidarizar com esta homenagem ao Secretariado de Ação Social; meus estimados e dedicados funcionários do Secretariado de Ação Social, que puderam comparecer nesta cerimoniosa comemoração; meus queridos familiares, esposa, filhos e genros, que vieram trazer o calor do seu apoio e carinho.

Sejam minhas primeiras palavras de reconhecimento e profunda gratidão a esta respeitável Câmara Municipal pela honrosa distinção e homenagem ao Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre por esta Solene Sessão comemorativa, no ano em que nossa entidade assistencial comemora a sua vitoriosa trajetória de quarenta e cinco anos de profícuas e intensas atividades assistenciais em favor de muitos habitantes porto-alegrenses privados das mínimas condições e possibilidades de vivenciar uma vida mais digna e humana. Não vou reproduzir o conteúdo e as significativas cifras que foram apresentadas no texto, no folder impresso, e que já foi distribuído aos presentes, e que quantifica o substancial volume de atividades assistenciais empreendidas nos quarenta e cinco anos de nossa existência em favor dos mais necessitados, por vezes até excluídos da sociedade, na busca incessante para que mais gente possa realmente ser gente.

Pelos fins do ano de 1956, o Arcebispo Alfredo Vicente Scherer, depois Cardeal, preocupado com a miséria material que afligia uma boa parcela da população de Porto Alegre, incumbiu o Padre Paulo de Nadal, depois Cônego, de fundar uma entidade assistencial, cujo objetivo deveria ser o apoio e a coordenação da ação social da Igreja Católica em todas as paróquias desta Arquidiocese, visando a ajudar e a atender as pessoas mais humildes, sofridas, através de múltiplos e variados projetos de assistência social.

O grande alvo a ser atingido seria a integração social e plena cidadania para essa parcela de população marginalizada e abandonada.

Já no mês de abril de 1957 os estatutos sociais dessa nova entidade estavam devidamente registrados, iniciando-se as primeiras atividades assistenciais.

Dom Vicente Scherer confiava nas virtudes apostólicas e na capacidade executiva do Padre Paulo, na sua garra, no seu entusiasmo, mas o Padre Paulo não agiu sozinho, cercou-se de pessoas tão idealistas e empreendedoras como ele mesmo, com destaque especial para o empresário Charles Springer, que se tornou o primeiro Presidente do Secretariado de Ação Social, com brilhante desempenho e atuação.

Em novembro de 1957, eu, pessoalmente, me senti convocado a colaborar com esse punhado de bravos batalhadores da caridade, movido pelas palavras eloqüentes e chamativas do Padre Paulo, irradiadas semanalmente no programa “Todos Somos Irmãos” da Rádio Difusora Porto-Alegrense. Ao ser apresentado ao Padre Paulo, fiquei contagiado por seu entusiasmo, seu dinamismo, e aceitei o convite do Sr. Charles Springer para me dedicar de uma a duas horas diárias aos serviços burocrático-financeiros e consultoria jurídica para os pobres, na qualidade de voluntário.

Em 1961, por motivo de grave doença cardíaca, Charles Springer ficou impossibilitado de continuar no seu cargo e propôs que eu assumisse a presidência, a qual até hoje exerço.

Após o falecimento do Padre Paulo, em 28 de julho de 1976, instituí o sistema gerencial de superintendente executivo, nomeando para o cargo o Professor Maurício Vian, cujo desempenho foi exemplar e meritório. Ao se desligar da entidade, em dezembro de 1983, designei para o referido cargo de superintendente o Dr. Ivo Guizzardi, já à época destacado e dedicado funcionário do Secretariado. Até hoje ele vem desempenhando o seu cargo com extraordinária dedicação e competência, com habilidade e talento. A ele e a toda a equipe coordenadora das mais variadas especializações profissionais e assistenciais, bem como a todos os funcionários a ele subordinados, desejo de público reconhecer e enaltecer a sua incansável e profícua dedicação à causa dos mais desvalidos e ao êxito que nossa entidade já obteve nesses quarenta e cinco anos. Grande parcela do sucesso lhes deve ser creditada por justiça e gratidão. A eles todos os nossos sinceros, profundos e perenes agradecimentos, extensivos igualmente aos meritosos membros que integraram anteriormente e aos atuais membros da diretoria, por sua valiosa e imprescindível colaboração.

Muito cedo a sociedade porto-alegrense reconheceu os significativos préstimos assistenciais que o SAS estava proporcionando, motivo pelo qual sempre lhe deu o imprescindível e necessário apoio financeiro e contribuições materiais.

Externo minha especial gratidão a essa magnânima população. As autoridades federais, estaduais e municipais, tanto em nível executivo como legislativo, tomando conhecimento dos expressivos serviços desempenhados pelo SAS, têm sido solidárias conosco, nos apoiando e facilitando o nosso desempenho em favor dos necessitados, o que também desejo agradecer sensibilizado. Os sucessivos arcebispos desta Arquidiocese, assim como os abnegados párocos, que sempre têm devotado ao SAS incansável e inestimável colaboração e apoio, pelo que também externo meus reconhecimentos sinceros.

Dou um destaque especial a Dom Dadeus Grings, que nos tem honrado com freqüentes visitas-reuniões e, de modo muito especial, engajou a nossa entidade no seu inovador e original projeto das diaconias e que visa instalar novas estruturas nesta Arquidiocese, para dinamizar a ação social da Igreja Católica, sempre com o objetivo primordial de fazer a promoção humana no mais amplo conceito.

A copiosa bênção divina é o sol que nos tem iluminado nessa nossa caminhada de quarenta anos de incontestáveis e profícuas atividades em favor dos nossos irmãos mais desamparados ou, por vezes, até excluídos da sociedade.

O futuro é desafiador e ainda exigirá de todos nós, integrantes do Secretariado, esforço perseverante e incansável dedicação para que nossas atividades frutifiquem ainda mais. E que Deus nos ajude para tanto. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): É com muita alegria e muito prazer que concedemos a palavra a S. Ex.ª Rev.ma Dom Dadeus Grings, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre.

 

O SR. DOM DADEUS GRINGS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É com muita alegria que nós estamos, hoje, recebendo esta homenagem. Nós nos sentimos lisonjeados de estarmos aplicando a nossa fé, na prática, porque nós amamos Jesus Cristo. Amamos Jesus Cristo filho de Deus, que veio ao mundo, e para nós é aquilo que existe de mais sublime e mais valioso, o amor a Jesus Cristo.

A gente gostaria de prestar tanto serviço a ele, pessoalmente, que viveu há dois mil anos e que marcou a história humana; então, nós nos perguntamos o que nós poderíamos fazer por ele. E ele mesmo já nos respondeu naquela época: “O que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que o fazeis.” Então, a Igreja se empenhou desde o início nessa grande obra, que foi maravilhosa já no tempo do Império Romano, de atender os mais carentes, de estar disponível. Até instituiu os diáconos para fazer esse serviço assistencial. E como foi maravilhosa essa obra dos diáconos, lá no início da Igreja!

Hoje, até por uma coincidência muito feliz, nós vamos instituir, exatamente neste dia desta homenagem, a primeira Diaconia em Porto Alegre, que vai ser na Região Norte, área pastoral norte 1, na Igreja São João, às seis e meia da noite. Nós vamos lá instalar essa Diaconia, e depois estender aos poucos por toda a Arquidiocese.

O nosso trabalho é supervisionado pela Cáritas e pela Ação Social da Arquidiocese. Parece que assim chegamos mais perto. Organizamos todo o nosso trabalho, que tem como uma resposta já concreta daquele documento que foi aprovado pela CNBB, na última assembléia dos Bispos, no mês passado, de fazer um grande mutirão nacional para a superação da miséria e da fome. E para isso se convoca toda a população para trabalhar em conjunto, para ver como nós poderíamos fazer com que, realmente, desaparecesse a fome no Brasil. A gente, fazendo os cálculos, vemos que não é que falte comida: falta, às vezes, é um pouco de solidariedade, falta fraternidade, mas no momento em que a gente se organiza melhor nós podemos superar também essa crise.

Então, neste dia, em primeiro lugar queria agradecer esta homenagem ao Ver. Ervino Besson, por esta proposta que fez, e lembrar todos aqueles que falaram, hoje, que nos lisonjearam tanto. Até fiquei meio orgulhoso. Se soubesse que isso tudo era verdade... E acho que têm-nos elogiado demais. Gostaria que fosse realmente assim, poder dizer que nós fazemos algo pelo bem comum e que a Ação Social da Arquidiocese responde a tantos anseios e a tantas necessidades de nossa população. Gostaríamos de fazer muito mais. E, nesse sentido, fazemos um apelo a todos que possam colaborar, a esse público que vem aqui e que está tão ligado a nossa ação social, à nossa Arquidiocese.

Também gostaria de trazer minha palavra de conforto e alegria, dizendo essa palavra tão importante e que gostamos de repetir sempre: o pobre mais pobre é aquele a quem falta alegria, o que nunca nos poderia faltar. Exatamente por isso que Cristo veio ao mundo, para dizer essa grande frase: “Eu vim para que vossa alegria seja completa.” Então, viver essa alegria do Senhor e partilhá-la com todos, para que todos tenham alegria e tenham também o necessário para viver, viver dignamente e viver com mais na solidariedade e na fraternidade.

Então, podemos concluir com aquela frase bonita de uma canção austríaca, que diz que “o outro já é o nosso paraíso aqui na Terra”. Se descobrirmos esse paraíso, nós nos tornamos mais felizes; entramos no paraíso ajudando ao próximo, prestando aquele auxílio necessário para que viva melhor. Então, muito obrigado por esta homenagem. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Para encerrar esta homenagem, convidamos o Coral do Centro de Promoção do Menor da Cidade de Deus para cantar as músicas A Padroeira, Amigos para Sempre e Hino de Cáritas.

 

(É feita a apresentação do Coral.)

 

Queremos agradecer ao Coral do Centro de Promoção do Menor da Cidade de Deus, que trouxe um brilho todo especial a esta bela e grande homenagem que se faz ao 45.º aniversário de fundação do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese de Porto Alegre. Queremos agradecer a presença de S. Ex.ª Rev.ma Dom Dadeus Grings, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre. (Agradece a presença dos componentes da Mesa e demais presentes.) Vamos suspender os trabalhos para as despedidas.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h05min.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel – às 16h08min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão. O Ver. Paulo Brum está com a palavra para um requerimento.

 

O SR. PAULO BRUM (Requerimento): O meu Requerimento, Sr. Presidente, é no sentido de que passemos imediatamente ao período do Grande Expediente, destinado a homenagear o Colégio Cruzeiro do Sul, pelos seus noventa anos de existência, tendo em vista que já se encontram presentes a Direção do Colégio e os alunos a serem homenageados.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Acolhemos, de plano, o Requerimento do Ver. Paulo Brum, tendo em vista acordo de Lideranças existente.

Antes de passarmos ao Grande Expediente, apregoamos Emenda n.º 01, de autoria do Ver. João Antonio Dib, ao PR n.º 050/02.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje destinado a assinalar o transcurso do 90.º aniversário do Colégio Cruzeiro do Sul de Porto Alegre. Solicitamos ao Ver. Carlos Alberto Garcia que assuma a Presidência dos trabalhos.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h12min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 16h18min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

Hoje, o período do Grande Expediente é destinado a homenagear o 90.º aniversário do Colégio Cruzeiro do Sul.

Convidamos todos os presentes, para em pé, ouvir o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Queremos registrar a presença, à Mesa, do Sr. Reverendo Paulo de Werk, Diretor do Colégio Cruzeiro do Sul; do Ex.mo Rev.mo Dom Orlando Santos de Oliveira, Bispo da Igreja Anglicana; Sr. Maurício Andrade, Secretário Geral da Igreja Anglicana; Sr.ª Gládis Furlan Fay, Vice-Presidenta dos ex-alunos do Colégio Cruzeiro do Sul.

Queremos registrar também a presença do corpo docente, alunos e ex-alunos da Instituição. O Ver. Paulo Brum, proponente desta homenagem, está com a palavra.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Primeiramente, quero pedir desculpas à direção do Colégio Cruzeiro do Sul, aos representantes da Igreja Anglicana, aos alunos, pela demora da nossa homenagem, visto que, pela primeira vez, ocorreu nesta Casa um desencontro de agendas, onde a nossa Relações Públicas marcou duas homenagens para o mesmo dia e mesmo horário. Portanto, sinto-me até constrangido, pois não esperávamos esse contratempo, pois nossas crianças já se encontram há duas horas aguardando por essa justa homenagem. Recebam, do fundo do meu coração, um pedido de desculpas em nome da nossa Câmara Municipal de Porto Alegre.

Quero dizer da alegria de estar aqui como proponente desta justa homenagem aos noventa anos de história do Colégio Cruzeiro do Sul, instituição quase secular, orgulho de todo o cidadão de Porto Alegre.

Muito embora não tenha tido a honra de sentar nos bancos do Colégio Cruzeiro do Sul, tenho um carinho especial pela escola, cujo vínculo afetivo deu-se quando, em 1973, cursava o Colégio São Luiz, vizinho do “Cruzeiro”. A interação dos alunos não diferenciava sua origem, tanto assim que eram constantes as práticas esportivas conjuntas.

Cabe ao proponente contar um pouco da história do homenageado e, permito-me, brevemente, tecer considerações que julgo importantes para o momento.

Fundado em 11 de março de 1912, sob a direção do reverendo William Matheus Merrick Thomas, em aposentos alugados no Bairro Partenon, com o nome de “Escola Diocesana”, o colégio destinava-se, especialmente, aos filhos dos membros da Igreja, sem, contudo, deixar de aceitar membros de outras denominações.

O imóvel, no bairro Teresópolis, onde hoje está localizado o Colégio Cruzeiro do Sul – hoje, não pode-se pensar em bairro Teresópolis sem fazer uma referência, em especial, ao querido Colégio Cruzeiro do Sul -, foi adquirido em 1915, tendo sido inaugurado, oficialmente, com essa denominação, na data de 15 de junho de 1926.

No ano de 1937, data do Jubileu de Prata da instituição, nasceu a “Associação dos ex-alunos do Colégio Cruzeiro do Sul”, sendo seu primeiro presidente o escritor Érico Veríssimo. Aliás, neste momento, cumpre-nos lembrar que o Colégio Cruzeiro do Sul vem acumulando, em seu registro de alunos, o sucesso de várias gerações. A exemplo disso, destacam-se: Érico Veríssimo, o escritor Josué Guimarães, o Deputado Jair Soares, a família Mendes Ribeiro, Deputado Valdir Fraga, Dr.ª Lacy Ughini. Esportistas de renome figuram como ilustres alunos dos quais tanto o Cruzeiro se orgulha, como os jogadores Assis (irmão de Ronaldinho) e Scheidt (Zagueiro do Grêmio e da Seleção). Enfim, uma lista enorme de alunos que passaram por essa instituição e ajudaram a escrever a sua história.

Importante salientar que a rua, onde se localiza a instituição, tem o nome do ilustre Reverendo Ernest Arnald Boher, que dedicou vinte anos de sua vida dirigindo o Colégio Cruzeiro do Sul.

Todos estes fatos enaltecem a participação do Colégio na formação educacional da sociedade porto-alegrense, que é fruto de uma filosofia de atuação, onde a ação educativa deve complementar a educação do saber, com o Cruzeiro postulando a apropriação do conhecimento através da manifestação inventiva/cooperativa entre alunos e professores.

No Cruzeiro do Sul, Srs. Vereadores, a linha mestra de proposta educacional é desenvolver a autonomia, instigar a criatividade, promover a pesquisa, vivenciar situações de aprendizagem e desenvolver habilidades mentais que favoreçam uma prática educativa voltada ao reconhecimento do homem criador e recriador de sua própria história.

Organizado em múltiplos segmentos e preparado para atender a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, o Cruzeiro conta com uma estrutura administrativa, física e pedagógica singular, que o diferencia das demais escolas da nossa Cidade.

Oferece aulas práticas nas disciplinas de Química e Ciências: oportuniza serviço de psicologia ao aluno, com atendimento voltado à sua orientação profissional, inclusive com visitas às universidades, numa proposta de ampliação e esclarecimentos sobre os campos de atividades profissionais.

Importante ressaltar, numa proposta que há doze anos vem se destacando como pioneira na área de habilidades mentais, é a existência do Centro Pedagógico Prof.ª Ilka Appel, que ocupa um andar do prédio, destinado, exclusivamente, ao atendimento de crianças do maternal.

No aspecto de integração do aluno com a natureza, o Cruzeiro dispõe de um centro interativo, onde, em um espaço de 4 ha, executa a promoção do ensino, com a natureza se apresentando como material pedagógico, por excelência, na formação do indivíduo.

Também, como não poderia deixar de ser, o Cruzeiro privilegia a prática desportiva, através das tradicionais olimpíadas cruzeiristas e atividades extraclasse, onde a aproximação aluno-escola-família fortalece os laços sociais e culturais dos alunos, na relação direta que a escola estabelece com a comunidade.

Portanto, Srs. Vereadores e presentes, atesta-se que o diferencial do Cruzeiro do Sul é fruto de uma atuação administrativa voltada ao crescimento de seus alunos. Todas as áreas do conhecimento e formação do aluno são abrangidas por essa visão interacionista de ensino, que nesses noventa anos é aplicada com esmero e dedicação por seus dirigentes.

Finalmente, essa maneira exemplar e salutar de dirigir uma escola, não poderia deixar de atentar para a preservação das relações com famílias e ex-alunos, com a promoção de espaços onde é possível reviver, reencontrar e estreitar o vínculo afetivo entre os homens que por esta escola passaram.

Assim, nesses noventa anos de glória e existência, o Colégio Cruzeiro do Sul vem ampliando seus espaços, definindo sua trajetória, reafirmando sua prática, sem deixar de ser fiel a seus princípios. Ousa, avança, projeta sonhos e promove a diferença, sobretudo, vislumbrando o futuro, numa época em que o diferencial do ser humano está, fundamentalmente, na sua formação educacional, não só a científica, mas a humana, mola-mestra do agir da instituição que é homenageada.

Mais uma vez, repito, com muita honra e emoção: estou orgulhoso em ter a oportunidade de homenagear tamanho ícone da educação em nosso Estado, e digo: vá em frente estudante cruzeirista e te orgulha da escola que te acolhe e mostra o caminho da verdadeira sabedoria do ser humano: o conhecimento com humanidade.

Por isso, neste dia em que a nossa Câmara Municipal presta a justa homenagem aos noventa anos da Escola Cruzeiro do Sul, quero, finalmente, dizer: vida longa à Escola Cruzeiro do Sul; vida longa aos seus dirigentes, para o bem da nossa Porto Alegre, para o bem do Rio Grande e para o bem do Brasil. Parabéns e felicidades. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. NEREU D’ AVILA: Ex.mo Sr. Presidente em exercício da Câmara, Ver. Carlos Alberto Garcia e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em primeiro lugar, desejamos dizer que é uma satisfação para esta Casa receber representantes da direção, do corpo docente, do corpo discente, nestes noventa anos que celebra o Colégio Cruzeiro do Sul.

Efetivamente, comemorar quase um século de existência é um privilégio que nem todos possuem, nem todos podem comemorar. A cidade de Porto Alegre e o Estado do Rio Grande do Sul sentem-se orgulhosos por possuírem uma instituição educacional do porte do Colégio Cruzeiro do Sul. Portanto, muito oportuna a lembrança para que o Poder Legislativo da Cidade, que representa os diversos segmentos sociais, fosse o canal para estarem aqui para essa efeméride.

Sem dúvida, é importantíssimo o papel de colégios religiosos, de diversas ordens religiosas, que ao longo da história do País foram educando gerações de brasileiros. Só que, evidentemente, a pluralidade de pensamento, a independência, desde que o Estado distanciou-se de uma religião oficial, importantíssimos foram os papéis exercidos por outras conotações, por outras visões de mundo quanto à processualística de uma só visão, foi fundamental para a educação de todos nós. Aqui em Porto Alegre nós que podemos, também, estudar em colégio com outra conotação, embora a legitimidade, e também com uma visão que respeitamos, necessário é que gerações que não pertenciam ou que, por uma liberdade maior de visão de mundo, pudessem levar os seus filhos, os seus descendentes, a colégios que não tinham uma conotação religiosa ligada somente à Igreja Católica. Eu estudei no IPA, que tinha e tem uma visão diferenciada, tanto quanto o Cruzeiro do Sul, o que traduz, junto com outras entidades oficiais da época, uma visão plural de vida. E o Colégio Cruzeiro do Sul apostou nessa proposta, incentivou essa situação e tornou-se, para todos nós, uma referência educacional.

O Ver. Paulo Brum, na sua alocução, pôde traduzir, interna corporis, sobre o patrimônio educacional, sobre o desenvolvimento dos diversos níveis educacionais do Cruzeiro do Sul e deu uma dimensão física daquele colégio. Nós temos a visão de fora, externa corporis, onde vislumbramos como paradigma de liberdade, de que todos podem desenvolver suas personalidades sem, especificamente, ficar atrelados a uma oficialidade religiosa.

Esse serviço, esse imenso cabedal de conhecimento que o Cruzeiro do Sul trouxe a inúmeras, a várias, a gerações e gerações que se reproduziram, que puderam participar dos ensinamentos nesses noventa anos de vida, sem dúvida, merecia uma homenagem maiúscula, uma homenagem do povo de Porto Alegre. E esta Casa é o símbolo desse povo. Portanto, nós nos sentimos muito satisfeitos e honrados, nós, Vereadores das mais diversas bancadas, dos mais diversos segmentos partidários, em poder participar dessa homenagem que o Ver. Paulo Brum nos proporcionou, porque seria muito desditoso para Porto Alegre que passassem em brancas nuvens, que houvesse uma omissão aos noventa anos de existência, ou seja, quase um século de serviços prestados ao educar jovens, ao produzir mentes que pudessem enfrentar os afazeres, as diversas missões que a vida nos reserva com toda a força que o Colégio Cruzeiro do Sul impregnou essas gerações e largou-as, libertou-as para que pudessem enfrentar essas situações todas com uma conformação plasmada em liberdade, em liberdade de credo, em liberdade de expressão, em liberdade de vida; enfim, essa proposta que o Cruzeiro do Sul muito bem tem presenteado a todos nós.

Por isso, em nome da Bancada do PDT, queremos deixar aqui o nosso registro de alegria e de certificado de que a proposta, os serviços, o conteúdo, tudo que plasmou, nesses noventa anos, diversas gerações, também de professores, de dirigentes, corpo docente, que se foram desenvolvendo junto com a história quase secular do Cruzeiro do Sul. Parabéns aos senhores dirigentes, tanto do corpo docente, como do corpo discente.

Nós temos a satisfação de termos em nosso gabinete a Presidente da Associação dos Pais do Colégio Cruzeiro do Sul, a Sr.ª Guacira Lima, nossa Assessora, que sempre nos coloca a par de tudo o que se desenvolve neste tradicional educandário gaúcho e porto-alegrense. Parabéns, continuem nessa luta, que não é fácil, que não é consagradora, mas, sem dúvida, vale a pena, como diz o poeta: “Quando a alma não é pequena, tudo vale a pena.” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Sr. Dom Orlando Santos de Oliveira está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. DOM ORLANDO SANTOS DE OLIVEIRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na qualidade de Bispo da Diocese Anglicana de Porto Alegre, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, e como chanceler e presidente da entidade mantenedora do Colégio Cruzeiro do Sul, queremos, em nome da Igreja, da nossa escola, de toda família cruzeirista e toda a sua comunidade, expressar a nossa gratidão pela iniciativa, pelo gesto do nobre Ver. Paulo Brum, pela sua proposição de homenagear o Colégio Cruzeiro do Sul, esse tradicional educandário do Bairro Teresópolis, nos seus noventa anos. De modo especial, o nosso agradecimento à Mesa Diretora e aos nobres Vereadores e Vereadoras desta Casa, os quais acolheram esta proposição de homenagear os noventa anos de vida e de história na tarefa de educar crianças e jovens da nossa querida Porto Alegre. Uma Escola que abrigou, em suas salas de aula e em seus corredores, muitos homens e mulheres que contribuíram e contribuem para a vida da nossa sociedade, seja nas artes, na literatura, na política, na educação, em todos os campos de atividade.

O Ver. Paulo Brum citou alguns personagens, especialmente na área da política: o Dr. Jair Soares, Glênio Peres, os irmãos Mendes Ribeiro, o Dr. Ari Burger, que hoje é membro da mantenedora da escola, e também a Dr.ª Laci, os irmãos Tedesco, o Lupinho e muitos outros que poderíamos citar.

Muito especialmente nós guardamos no coração, e reverenciamos na escola, dois grandes escritores: Josué Guimarães e Érico Veríssimo. Érico Veríssimo, no livro “Solo de Clarineta”, registra a sua presença no Colégio, quando fala: “O Colégio Cruzeiro está situado num verde vale, no arrabalde de Teresópolis, em Porto Alegre. Jamais esqueci a melancolia daqueles invernos no Cruzeiro do Sul. O céu cinzento, vento soprando no vale, e os cerros de Teresópolis, às vezes, quase invisíveis na bruma.”

Uma escola, prezados, constrói-se, passo a passo, um dia depois do outro, por intermédio das páginas da história que vai sendo escrita com a vida de cada ser humano que por ela passou, passa e passará. Nesses noventa anos, temos buscado com o Cruzeiro do Sul, comprometido com os valores evangélicos, educar pelo saber crítico e criativo, sendo o próprio educando o agente vivo na construção dos seres humanos autônomos, livres e competentes, na visão e construção de uma nova sociedade mais justa, mais humana, mais fraterna, no resgate do sentido da dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança do seu Criador e na inconformidade com todas as formas de violência e de mal que estão corroendo a nossa sociedade, sempre inspirados pelo lema da Universal Comunhão Anglicana, do qual somos partes.

Consta no Evangelho de São João, nas Escrituras Sagradas: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Na ignorância somos escravos, mas, por meio do conhecimento e do conhecimento da verdade, nós somos sujeitos da nossa vida e da nossa existência. Neste tempo de violência, de crise, de transição e também de desânimo, de desesperança, nós continuamos lutando e trabalhando na Escola, encarando a esperança que o Brasil precisa. Uma esperança firme, sólida, vibrante, baseada nos sonhos da juventude, sintonizada com os sonhos sempre renovados no coração de nosso Deus. Sonhos de dias melhores até o dia perfeito, sonhos de pessoas reconciliadas com a sua cultura e que amam sua pátria e seu povo. Nesses noventa anos, o Cruzeiro, dentro dos valores e princípios cristãos, tem buscado, por meio de uma ação pedagógica comprometida com a realidade social, proporcionar uma educação participativa e libertadora de valorização da vida e do saber como instrumentos de renovação, de transformação e crescimento, respeitando sempre as diferenças e as potencialidades de cada um que lá cursa a escola.

Que Deus, o Senhor da nossa vida e da história, continue abençoando os Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras e a todos os que trabalham nesta Casa Legislativa para que ela, cada vez mais, esteja comprometida com a justiça, com a dignidade e plenitude da vida para todo o povo da cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Mais uma vez, queremos agradecer ao Ver. Paulo Brum, pela iniciativa; ele, com muita propriedade, lembrou que, quando se fala no Colégio Cruzeiro do Sul, estamos falando do Bairro Teresópolis. Mas o Colégio Cruzeiro do Sul tem uma área privilegiada. É uma escola e, ao mesmo tempo, um lugar para lazer, porque é uma das escolas que tem uma das melhores áreas dentro do contexto escola e natureza. O esporte sempre foi uma característica, e eu sei, mas não foi ventilado aqui que um dos grandes sonhos do Colégio Cruzeiro do Sul é ver implantado o terceiro grau, o ensino universitário, criando faculdades, já que a Zona Sul da nossa Cidade não dispõe desse grau de ensino.

Também foram citados aqui os ex-alunos, que sempre foram uma característica muito forte da escola, que vive novos momentos, e que, nos últimos anos, a direção está com membros da Igreja, caminhando cada vez mais juntas a escola e a Igreja, num processo de evangelização, mostrando aquilo que a Igreja Anglicana sempre propôs junto à comunidade de Porto Alegre. Mais uma vez, em nome da Casa, gostaríamos de saudar o Reverendo Paulo de Werk, Diretor da Escola; Dom Orlando Santos de Oliveira, Bispo da Igreja Anglicana; queremos também saudar a Sr.ª Gladis Fay e, saudando-a, saudamos todos os ex-alunos. Quero falar de maneira especial aos alunos aqui presentes, aos professores, mas, principalmente, aos alunos: no momento em que são citados Érico Veríssimo, Josué Guimarães, que foi Vereador nesta Casa, isso significa dizer que vocês terão um ensino de qualidade, serão também os responsáveis por fazer um pouco da história da nossa Cidade. Finalizo, fazendo uma saudação a um ex-aluno, que me é muito caro, meu colega de muitos anos e que convive com grande parte dos Vereadores desta Cidade, que é o Isaac Kumpinski, pessoa atuante que trabalhou em inúmeras escolas, continuando sempre com o seu norte voltado para o ensino.

Mais uma vez, queremos fazer esta saudação. Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino do Colégio Cruzeiro do Sul.

 

(Ouve-se o Hino do Colégio Cruzeiro do Sul.)

 

Ver. Paulo Brum, muito obrigado em nome da Casa. Agradecemos aos senhores e senhoras pela presença e damos por encerrada esta homenagem. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h59min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 17h01min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, passado o momento festivo, vamos à bruta realidade que vive a Capital dos porto-alegrenses. Eu sempre afirmo que o direito nasce do dever. A Constituição me assegura o direito de ir e vir, e quem tem de me assegurar esse direito, senão as autoridades constituídas? Estado democrático, como me lembra o nobre Ver. Pedro Américo Leal. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito desta Cidade, João Verle, pela primeira vez, desde que assume a Prefeitura, me decepciona, porque disse ele que a Prefeitura não interferirá na liberdade dos integrantes da Via Campesina de impedirem a circulação na cidade de Porto Alegre. Mas ele não tinha de me assegurar o direito de ir e vir? Essa é a imagem brutal que vive Porto Alegre e o Estado! As forças constituídas não dão direito ao cidadão! Dão direito àqueles que tiram a liberdade do cidadão! Já começa que o cidadão tem de ficar atrás das grades e o bandido nas ruas, porque a Secretaria de Segurança fez tudo o que pôde para desestruturar a Policia Civil e a Polícia Militar, que, ainda assim, fazem milagres para nos ajudar. Mas, agora, o Prefeito de Porto Alegre diz que não pode interferir na liberdade que têm os integrantes da via campesina de parar a cidade de Porto Alegre. E eu estou dizendo, com a tranqüilidade de quem foi Secretário de Transportes e que foi Prefeito: comigo não aconteceria isso, não. Isso é um desrespeito, é um desacato a toda uma população. São pessoas que vêm não sei de onde, com motivos que não são os de resolver problemas, mas, sim, de criar problemas e têm o amparo do Prefeito de Porto Alegre e do Secretário Municipal de Transportes.

Mas eu volto há três anos: o Sindicato dos Municipários se instalou na Praça Montevidéu, e o Prefeito não teve dúvidas, os tirou à força lá da Praça Montevidéu. Agora, aqueles lá não estavam prejudicando ninguém, só estavam incomodando o belo Prefeito, que não queria atender o dissídio dos municipários. Aí ele usou a força; agora, aqui, quando a Cidade pára, uma das suas mais importantes vias de acesso ao Centro, a Av. Alberto Bins, aí sim, aí eles têm o direito de fazer o que fizeram e estão fazendo, e só sairão quando houver uma decisão judicial.

Eu tenho de estar triste, muito triste, porque a nossa Porto Alegre está entregue ao comando de quem? Não tem comando, o Prefeito não é integrante da via campesina, é o Prefeito dos porto-alegrenses, é meu também, mas me decepcionou porque não soube cuidar da Cidade sobre a qual ele tem inteira responsabilidade. E só faltou mesmo autoridade, porque autoridade que se preza chega lá e diz: “Saiam, porque eu estou mandando”, e eles têm de sair. Mas o Prefeito diz que eles devem ficar, e aí o Sr. Bertotto também diz que a EPTC não vai interferir. Mas, quando se trata de fiscalização de trânsito, não é multar, fiscalização de trânsito é fazer fluir o trânsito. E como ele pode fluir se uma via importante está interrompida? Como? Então, hoje, nós festejamos, aqui na Casa, bastante, mas a minha tristeza é muito grande, eu sinto a cidade de Porto Alegre, a Porto Alegre de Loureiro da Silva, desmoralizada, porque o Prefeito não soube tomar uma atitude! Não soube tomar uma atitude! É igual ao Comandante da Brigada Militar que, fardado, colocou um boné do movimento dos atingidos por barragens. Aí está a desmoralização que o Governo do Estado vem fazendo àquela força policial, civil e militar que deveria nos proteger; mas eles estão sendo desmoralizados, permanentemente, quando atuam. O Comandante da Corporação, que chega, é realmente retirado, é transferido, e o Comandante-Geral da Brigada Militar usa o boné dos Sem-Terra e companhia. Por isso, Ver. Adeli Sell, que tenta defender a atitude do Prefeito, isso é uma atitude pusilânime, uma atitude que envergonha os porto-alegrenses.

Encerro meu pronunciamento dizendo que a minha tristeza é profunda e que devem existir outros tantos porto-alegrenses, assim como eu, aos milhares, profundamente entristecidos, porque o Prefeito não soube ser Prefeito, e o Secretário não soube ser Secretário, mas recebem o dinheiro no fim do mês. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Grande Expediente.

A Diretoria Legislativa nos informa que houve um acordo, não continuaremos no período de Grande Expediente e retornaremos ao período de Comunicações. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Ver. Carlos Alberto Garcia, colegas Vereadoras, colegas Vereadores, senhoras e senhores. Primeiro, em nome da nossa Comissão, a CEFOR, integrada pelos Vereadores Adeli Sell, João Antonio Dib, João Carlos Nedel e Carlos Alberto Garcia, queremos convidar os nossos colegas para, amanhã, a partir das 09h30min, assistirem a uma exposição que o SEBRAE estará fazendo no Plenarinho da Casa, sobre uma matéria muito relevante para a cidade de Porto Alegre, que é um projeto, hoje, de muito sucesso em algumas capitais brasileiras, especialmente em Curitiba, o Projeto Fácil, que visa, fundamentalmente, a propiciar que aqueles que querem constituir micro e pequenas empresas, num curto espaço de tempo, possam fazê-lo, muito diferente daquilo que acontece hoje no Rio Grande do Sul. Quero fazer esse convite a todos os Vereadores e Vereadoras para participarem conosco desse debate.

Outra questão – e o tempo é curto, mas vou tentar, de forma rápida, falar sobre ela – é que, na semana passada, a Zero Hora fez uma matéria sobre a questão do Aterro Sanitário do Lami. Eu fui-me atualizar sobre essa matéria, que acompanho antes mesmo de ser Vereador desta Casa, e vi que a Prefeitura de Porto Alegre, que tem um discurso muito afinado, e muito jeitoso, na área da defesa do meio ambiente, está cometendo um crime bárbaro com a população de Porto Alegre, e também – por que não dizer – com a do seu entorno.

Desde 1995, tramita no Ministério Público, primeiro, um inquérito civil público, onde se fez um acordo, de que naquela localidade seriam depositadas apenas 70 toneladas de lixo por dia. Depois, se fez um outro termo, por um período de três meses, e elevou-se. Depois, isso deveria ser reduzido e não o foi. Agora, chegamos, Ver. Pedro Américo Leal, em 1999, depois de idas e vindas, e de descumprimentos reiterados de acordos feitos perante o Ministério Público, numa situação em que a Promotora Maria Marchezan, Promotora de Justiça na defesa do meio ambiente, propôs uma ação cautelar para produzir as provas tão necessárias. E o que é que faz a Prefeitura? A Prefeitura vai lá e recorre, em recurso especial. Ela perdeu em primeiro grau, ganhou, por unanimidade, em segundo grau, e agora vai lá e faz um recurso especial. Mas a Prefeitura deveria ser aquela que diria: nós queremos produzir a prova, porque o nosso discurso está correto. Agora, o Presidente do DMLU, Sr. Darci Campani, parceiro da empresa Cores, vem demagogicamente dizer no jornal que agora vai reduzir 150 toneladas. Mas por que ele não fala dos metais pesados, que os estudos dos inquéritos estão dizendo, do chorume que sai, das obras do entorno que não foram feitas até hoje, de 1995 a 2002? Mas que discurso é esse? Toda vez que vem uma questão do lixo anunciam no jornal que vão fazer um depósito na pedreira. Que história é essa? Para fazer depósito tem de haver licenciamento! Não posso fazer ou transferir um depósito de lixo se eu não tenho essa questão resolvida.

Por favor, essa matéria é muito grave, porque ela não envolve só a comunidade do extremo sul; ela envolve a questão de Porto Alegre como um todo. Eu quero, de pronto, meus queridos colegas Vereadores da Comissão de Saúde, protocolar essa matéria na Comissão de Saúde. A Comissão de Saúde desta Casa tem a obrigação de requisitar todas as peças desses inquéritos e dessa ação que tramita no Poder Judiciário, e tem o dever de ir lá, in loco, verificar o que está acontecendo, porque o discurso é um e a prática é outra. Essa questão do lixo é séria e envolve questões de contratos emergenciais superfaturados e envolve questões de meio ambiente, e, portanto, é uma matéria que nós precisamos sempre aprofundar, para o bem da cidadania. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Zé Valdir está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, nos últimos quatro anos, a mortandade no trânsito, o genocídio no trânsito, embora continue, foi bastante amainado. Tivemos uma redução no número de mortes de 30,96%, uma redução de 18,31% nos atropelamentos e de 24,16% no número de feridos, embora o número de automóveis em Porto Alegre, nesse período, tenha aumentado 5,07%, passando de seiscentos e quinze mil trezentos e quarenta e oito para seiscentos e quarenta e seis mil quinhentos e quarenta e sete veículos. Essa é uma façanha que tem a ver com um maior vigor na questão do trânsito, introduzido pelo novo Código Brasileiro de Trânsito, que foi uma vitória de toda a sociedade brasileira. O Código foi muito feliz, porque combinou dois institutos: o do bolso, com uma multa mais pesada, e também a perda de pontos na carteira de habilitação; também pelos instrumentos técnicos que ele possibilitou introduzir na fiscalização do trânsito, no caso, os pardais.

As vítimas dessa mortandade são independentes de condição econômica, de faixa etária, é toda a população de Porto Alegre (um milhão e trezentos e cinqüenta mil habitantes). Os algozes dessa população são nada mais, nada menos, pelos cálculos que fiz, do que 1% dos motoristas. Em Porto Alegre temos quinhentos e setenta mil motoristas cadastrados. Se compararmos com a população, chega a menos de 0,5% da população. Tirando desses 0,5% aqueles que são multados ou infratores eventuais, nós vamos ficar com um número ainda menor, que são aqueles contumazes, aqueles doentios do trânsito, que são os algozes, portanto, menos de 0,5% da população brasileira que coloca em risco toda a população.

Estou colocando esses dados porque esses infratores não devem merecer desta Casa nenhum benefício, pois eles estão infringindo a lei. A lei de trânsito é igual para todo mundo. Quando a pessoa tira a carteira tem de conhecer a legislação, não haveria nem necessidade de colocar placas dizendo que tem de manter o limite de velocidade. Claro, teria de ter placas para assinalar os locais proibidos, as exceções, mas para aquilo que é a regra, que todos deveriam saber, não deveria nem ter placas. Mesmo assim, os pardais são anunciados com várias placas de sinalização.

Portanto, eu quero repudiar todas essas iniciativas que visam a proteger esses infratores e que, inclusive, equivocadamente, comparam – vejam que absurdo! – multa de trânsito com impostos. Ora, o fato gerador do imposto é um fato positivo, um fato econômico. O fato gerador da multa é um fato negativo, pois é a desobediência da lei. Então, não dá para se fazer esse tipo de comparação.

Os pardais, para mim, não deveriam receber essa cunha desonrosa de “pardais faturadores”, até porque quem não quiser pagar multa não precisa pagar, é só andar na lei. Deveriam, sim, os pardais, receber uma comenda de “pardal salvador”, porque, do número de mortes, no mínimo um quarto, foi evitado pelos pardais, por um simples cálculo: de todas as notificações, um quarto, mais de 25% são oriundas das multas nos pardais por excesso de velocidade.

Portanto, essa demonização que está-se fazendo dos pardais, com o apoio de algumas vozes nesta Casa e com o apoio da imprensa, é uma causa anti-social, é uma causa contra a população, uma causa completamente equivocada, uma causa irresponsável, porque está-se querendo premiar e proteger os infratores, aqueles que desobedecem à Lei e que colocam em risco a maioria da população. Esses, que colocam um milhão e trezentos e cinqüenta mil pessoas em risco permanente, não passam de 0,5% da população.

Eu penso que esta Casa jamais pode dar guarida a esse discurso fácil, demagógico e que, infelizmente, recebe o apoio de alguns setores e de alguns dos tais formadores de opinião da grande imprensa.

Nós temos que fazer uma reflexão profunda em defesa da vida, porque, quem não quiser ser multado por meio de um pardal, deve só obedecer à Lei. Não precisa mais nada do que isso! Aliás, é uma lei que irá beneficiar, talvez, a lei mais universal, a lei da vida.

Por isso eu quero deixar um apelo para que os Vereadores desta Casa, quando analisarem os projetos que visam a criar facilidades para os infratores da lei que colocam em risco a população de Porto Alegre, pensem muito bem! E eu quero dizer que estou muito feliz aqui e que, com referência a esses meus pronunciamentos, já tenho recebido várias cartas e e-mails parabenizando-me por tê-los feito, em defesa da vida e contra esses criminosos, muitas vezes doentios, que estão à frente do volante. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi atentamente o pronunciamento do Ver. Zé Valdir, e fiquei triste, porque o Ver. Zé Valdir não conseguiu ainda acompanhar a idéia e a intenção das pessoas que têm responsabilidade com toda a Cidade. O Ver. Zé Valdir é um Vereador muito competente e trabalhador, mas que tem legislado, me parece, pensando somente numa determinada faixa da Cidade, desconsiderando o restante. O Vereador generaliza quando diz que aquela pessoa que não respeitou, momentaneamente, uma velocidade... Em tese, o motorista não sabia, porque a placa está mal pintada – isso está nos jornais de hoje, com a foto –, confunde um 60Km por 80Km, e o diretor da EPTC disse que era uma demanda de placas que tinham saído mal sinalizadas, que iriam trocar, e não trocaram. E essas pessoas, que não têm a cultura do Ver. Zé Valdir de saber que aquela via, que em vias de cidades é limitado em 60Km/h, e ultrapassaram, passaram a 70Km/h, foram multadas.

O Ver. Zé Valdir entende que essas pessoas, que são infratoras – de fato o são –, são motoristas irresponsáveis, que estão colocando em risco, Ver. Zé Valdir, todo  um milhão e quatrocentos mil pessoas que moram na Cidade.

Ora, estamos vendo aqui na Folha de São Paulo a Prefeita da cidade de São Paulo, que é do mesmo Partido do Ver. Zé Valdir: (Lê.) “Receitas com multas crescem 215% em dois anos.” Não é uma coisa local de Porto Alegre, é uma questão partidária. O mesmo Partido do Ver. Zé Valdir não tem absolutamente nada em campanhas educativas, não tem um programa que esteja educando as pessoas, mas tem uma ganância, uma voracidade em multar e faturar.

O Ver. Zé Valdir – eu repito -, que é um Vereador inteligente, sabe que as empresas que gerenciam o trânsito, no caso de Porto Alegre, a EPTC, têm que, obrigatoriamente, investir 95% do que arrecadam nas multas em programas, em segurança de trânsito. O que é segurança de trânsito? Não definido pelo Ver. Fernando Záchia, mas pelo DENATRAN: segurança de trânsito é sinalização, pintura de faixas de segurança, contratações de mais agentes fiscais, compra de mais veículos, asfaltamento na cidade e programas educativos. Se nós pegarmos o balanço da EPTC, no ano 2001 – não é o Ver. Fernando Záchia que está falando, Vereador de oposição, são os números, os dados -, o balanço da EPTC em 2001 não tem absolutamente nada em investimentos e em campanhas educativas. O balanço de 2001 coloca que da arrecadação de 34 milhões e 500 mil reais foram feitos investimentos em asfalto, em mais pardais, em mais lombadas eletrônicas, em mais veículos, em mais contratações de agentes, em mais asfalto. Absolutamente nada em campanhas educativas e muito pouco em sinalização, em placas.

Parece-me, e aí poderá haver, talvez, uma única concordância entre o pronunciamento do Ver. Zé Valdir e o meu, que nós queremos um trânsito mais seguro, queremos mais garantia para toda a cidade de Porto Alegre. Para se ter isso, Vereador, nós temos de investir nas pessoas, temos de investir em educação, temos de fazer com que as pessoas tenham conhecimento da legislação, que as pessoas tenham as vias, as ruas devidamente sinalizadas, devidamente pintadas, faixas de segurança pintadas. Se V. Ex.ª olhar a cidade de Porto Alegre vai ver com que dificuldade essas faixas estão pintadas. Faixas de contenção – e nós estamos aqui diante de motoristas de táxi que fazem o dia-a-dia da cidade de Porto Alegre – são muito poucas. Aí fica muito fácil V. Ex.ª vir aqui e dizer que luta pela vida, que está preocupado com a vida. V. Ex.ª como o seu Partido estão preocupados em arrecadar; V. Ex.ª como o seu Partido não fazem nenhuma campanha educativa para preservar a vida dos cidadãos de Porto Alegre. V. Ex.ª e o seu Partido querem, cada vez mais, arrecadar. Criar uma empresa, Ver. Zé Valdir, que, obrigatoriamente, para sobreviver, tenha de arrecadar em multas.

A EPTC gastou, no ano 2001, 27 milhões. Ora, se ela não arrecadasse 30 milhões em multas, não teria dinheiro para sobreviver. Criou-se uma empresa que precisa, necessariamente, de recursos extraordinários, que são conseguidos por meio de multas, injustas na sua grande maioria, para que a empresa sobreviva.

Ver. Zé Valdir, se nós pegarmos todas as grandes capitais do Brasil: Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre, nós vamos constatar que somente nas cidades administradas pelo seu Partido, o PT, São Paulo e Porto Alegre, há essa grita, que é nacional: aumento de 215% em dois anos. Ou V. Ex.ª deduz que de dois anos para cá os motoristas passaram a ser irresponsáveis? E só em São Paulo e Porto Alegre. Em Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro e Florianópolis, não. V. Ex.ª me parece que constata, com tristeza, que o seu Partido quer arrecadar e que investe muito pouco em educação, investe muito pouco em segurança e na vida das pessoas. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Retornamos ao Grande Expediente. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores.

 

O Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu não pude apartear o Ver. Fernando Záchia, e gostaria de dizer ao Vereador que lhe antecedeu na tribuna, em primeiro lugar, que Curitiba tem o dobro de “pardais” que Porto Alegre tem e, em segundo lugar...

 

O Sr. Fernando Záchia: Todos sinalizados!

 

O Sr. Zé Valdir: Em segundo lugar, eu falei claramente: há um tipo de infrator que comete uma falta eventualmente - esse se corrige através da multa; e há o outro, aquele que é contumaz. Vereador, V. Ex.ª deveria enfatizar a vida que foi salva, em boa parte pelos pardais. É isso: a defesa da vida. E a multa do pardal leva quem quer; quem passa do limite. E outra coisa: para tirar a carteira de motorista tem de conhecer a lei. Essa é uma exigência legal.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Perfeito, Ver. Zé Valdir, feitos os esclarecimentos.

O assunto que me traz a esta tribuna é também assunto de defesa da vida. Nós poderíamos ocupar este tempo com vários temas que circularam nas manchetes dos jornais deste final de semana: a canonização da primeira Santa do Brasil, Madre Paulina, festejada por todos nós, brasileiros, em todos os cantos do País e do mundo; a independência do Timor Leste, situado no sudoeste da Ásia, que passa a ser a nação de número cento e noventa e três no mundo; o jogo da Seleção Brasileira; o destaque do Ronaldinho Gaúcho, enfim, tantos temas importantes para se falar, como foi o debate anterior nesta tribuna. No entanto, como Presidenta da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, como torcedora de futebol também, não poderíamos deixar de nos manifestar, hoje, e de refletir sobre a tragédia ocorrida em Caxias do Sul durante a partida disputada entre o time da casa - o Juventude - e o Sport Club Internacional. O que temos acompanhado a respeito dos acontecimentos inaceitáveis ocorridos no final da tarde, em Caxias, tem-nos deixado um sentimento de revolta, de indignação por uma brutalidade. Mas, acima de tudo, por uma profunda apreensão no que diz respeito aos referenciais simbólicos de identidade adotados por nossa juventude. Juventude essa que, a partir desses modelos da violência ou não, busca sua afirmação social e o seu reconhecimento enquanto sujeito. Por que não dizer que buscam também a sua autonomia, a sua inclusão social? Por detrás da morte desse jovem de dezenove anos, por detrás de uma lesão gravíssima sofrida por um outro adolescente, detona-se uma cultura da prática da violência como reconhecimento, como título de afirmação. O resultado dessa cultura é uma sociedade doentia, que com a constante contestação de seus valores e paradigmas afasta, cada vez mais, o cidadão dos seus princípios básicos de solidariedade e de humanismo, princípios tão ressaltados há pouco nesta Sessão.

Dados da UNESCO, intitulados “Mapa da Violência III”, mostram que o número de homicídios aumentou entre os jovens do Brasil, cresceu 77% em dez anos. Pior que isso, já representa a principal causa de morte na faixa etária entre os quinze e os vinte e quatro anos, sendo que parte significativa dessas mortes envolveu o uso de algum tipo de arma de fogo. Alguns educadores apontam que a combinação das desigualdades socioeconômicas com fatores culturais é um dos principais propulsores da violência. Poderíamos dizer, então, num trocadilho usado pela juventude da periferia, pelos estudiosos, que, quando falha a fala, fala a bala. Essa é a nossa realidade, Ver. Pedro Américo Leal, infelizmente.

É difícil dissociar os atos ocorridos ontem desse contexto: Falha a fala, fala a bala. No entanto, medidas urgentes precisam ser tomadas para que a vida não seja mais banalizada dessa forma. Os responsáveis pela organização e motivação desses atos precisam ser responsabilizados, devidamente julgados e repreendidos. Não dá mais para tolerar atos como o ocorrido nesse final de semana. Não podemos admitir que a prática do esporte ou a sua contemplação seja marcada pelo convívio do medo e da insegurança. É preciso que abramos um debate de respeito do papel de algumas torcidas organizadas em nosso Estado, em nossa Cidade; bem como é preciso que o Estados, os dirigentes de clubes, os presidentes das torcidas organizadas e a sociedade planejem ações para coibir esse tipo de atitude. Precisamos refletir sobre a ocupação desses espaços, para que seus conflitos não sejam mais resolvidos com o emprego da força, das armas e das próprias mãos. A dor pela perda de um filho é imensurável; assim como apenas assistir ao massacre de nossa juventude pela obsessão do uso da violência é simplesmente inadmissível e, por que não dizer, um ato de profunda covardia.

 

O Sr. Fernando Záchia: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu quero cumprimentar V. Ex.ª pela iniciativa. Acho que esta Casa, obrigatoriamente, tem de fazer essa discussão com preocupação, e V. Ex.ª tão bem preside a Comissão de Educação e Cultura, onde entendo que deveria ser um lugar para fazermos um grande debate.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Certamente, Vereador. Eu já havia conversado com os demais Vereadores da Comissão de Educação, Esporte e Lazer para que nós pudéssemos, ainda nesta semana, ou talvez no início da semana que vem, fazer um amplo debate sobre essa violência que não dá mais para tolerar.

Queremos aqui referendar a importância que o Ver. Zé Valdir exaltava, no início, sobre a defesa da vida, e aqui nós vamos, como parlamentares, estar cumprindo com o nosso papel com esse debate. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Sr. Vereadores, esta Presidência está-se deparando com uma questão que para mim era claríssima: se um Vereador está em representação, automaticamente, ele não pode falar. A Procuradora da Casa disse que pode.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu ia justamente levantar a questão mais uma vez. Eu havia sido bem claro na Questão de Ordem, na sexta-feira passada, que eu queria um parecer por escrito. Eu não sei se a Mesa tem esse parecer por escrito, porque eu mantenho a minha posição. Se a Vereadora, ou o Vereador - não estou preocupado com a pessoa particular, no caso, inclusive é a minha Presidenta de Comissão -, eu quero esclarecer uma posição. Se ela não pode ser substituída em Plenário, muito menos numa fala. É o óbvio, o menor decorre do maior. Eu havia pedido um parecer por escrito, eu não quero prejudicar, acho que não cabe prejudicar a Bancada do PT. Portanto, se a Mesa não tiver o parecer, eu aceito provisoriamente, porque eu não pretendo prejudicar ninguém, não é essa a questão. Agora, eu gostaria de ter o parecer por escrito, porque eu pretendo, se for essa a posição, apelar à Comissão de Constituição e Justiça. Eu não concordo com essa posição.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Na verdade, sempre houve, quando na direção dos trabalhos, esse critério. Quando eu assumi, agora, fui informado pela Diretora Legislativa que consultou a Procuradora da Casa, e essa disse que cabe ao Líder do Partido, no caso, o tempo da Vereadora, mesmo que em representação.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Questão de Ordem): A Bancada do PT concorda com o Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt para que seja por escrito da Procuradoria. Só requer que a Bancada não seja prejudicada por uma decisão que não foi ainda estabelecida, portanto, mantendo o tempo da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Esta Presidência vai deferir o tempo à Bancada do PT, fala o seu Líder Ver. Marcelo Danéris, resguardando o Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, para que tenhamos este parecer da Procuradoria da Casa, por escrito.

O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Ver. Paulo Brum, na Presidência dos trabalhos, hoje à tarde; Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras e público que nos acompanha aqui pela TV Câmara, em primeiro lugar, é importante responder ao ataque que o Ver. João Antonio Dib fez aqui ao nosso Prefeito. O nosso Prefeito tem tido um comportamento equânime na relação com a Cidade. Esse comportamento, inclusive, está em garantir a livre manifestação das pessoas; está em garantir o não tratar os movimentos sociais como caso de polícia; está em garantir que o seu poder, enquanto Prefeito, não seja exercido de maneira autoritária: “Eu mandei tirar, saiam.” Não, o comportamento do Prefeito está em garantir a livre participação, circulação e manifestação das pessoas em Porto Alegre. Tanto faz, sempre foi assim, não é hoje com o Prefeito Verle que isso acontece.

O Sindicato dos Municipários, Ver. Adeli Sell, que o Ver. João Antonio Dib citou aqui, ficou mais de meses lá na frente da Prefeitura. Eu não quero arriscar, porque não tenho as datas exatas, mas deve ter ficado quase um ano em frente à Prefeitura, no Paço Municipal, todos os dias, com caixão, com manifestação, com cartazes, de forma democrática e legítima, requerendo os seus direitos, e nós o mantivemos ali, e só foi retirado quando estava realmente excessivo, mas isso depois de mais de seis meses na frente da Prefeitura, isso levou bastante tempo e demonstra o nosso respeito.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Marcelo Danéris, a minha liberdade termina onde começa a sua. Isso é uma regra, e a minha liberdade de circular não está sendo respeitada por aquelas pessoas que nem moram em Porto Alegre, não têm nada a ver com Porto Alegre.

Quanto aos municipários, eu posso assegurar que, inclusive, realmente ficaram alguns dias em uma tenda que lá estava colocada, e aí a Prefeitura tirou, sem que eles quisessem sair.

Quanto ao caixão, por exemplo, eu já fui velado na frente da Prefeitura, e o caixão foi levado para a Vila Planetário, com o Dr. Olívio tomando cachaça. Eu também não me incomodei com isso, porque é democrático, é bonito, é elegante.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: A forma como se manifestam os sindicatos tem de ser preservada. Se nós começarmos a escolher a forma como eles se manifestam, aí sim, teremos já um risco à democracia. Se querem se manifestar com caixão, com boneco, queimando isso ou aquilo, não importa, os sindicatos têm autonomia para isso. Esse mesmo respeito que a gente tem que ter com o ir e vir, Ver. João Antonio Dib, o seu Partido, junto com o PDT, com o PMDB, com o PPS, que ocuparam a entrada da Prefeitura, impedindo as pessoas de entrarem e saírem, agora há pouco durante a posse do nosso Prefeito João Verle, então, também estariam desrespeitando. Então, ocuparam a entrada para fazer manifestação político-partidária dentro da entrada da Prefeitura, aí não tem a mesma veemência do Ver. João Antonio Dib para a retirada e o mando do Prefeito sobre as manifestações.

Nós respeitamos todas as manifestações e seria muito mais interessante para a população de Porto Alegre que o Banco Central, junto com a Receita Federal - e seja com quem mais tenha responsabilidade sobre isso -, tivessem tratado aqueles agricultores com mais respeito e mais dignidade, e eles não estariam precisando ocupar a frente do Banco Central para reivindicar os seus direitos.

Quero tratar de um outro assunto importante, também. Nós denunciamos, aqui, a pedido dos estudantes da PUC, o que estava acontecendo nas eleições do DCE da PUC. Nós requeremos aqui, este Vereador, junto com a Vereadora Presidenta da Comissão de Educação, a presença, amanhã, na Comissão de Educação, que será neste Plenário às 13h30min, da Reitoria da PUC, dos representantes do DCE da PUC e dos representantes dos movimentos dos estudantes insatisfeitos, Ver. Humberto Goulart. Nós fizemos aqui este Requerimento e está marcado para amanhã, às 13h30min.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só estranho este Requerimento, e o deferimento por parte da Presidenta da Comissão de Educação, uma vez que eu entendo que a intervenção desta Casa nos assuntos que dizem respeito ao DCE da PUC se constitui numa notória intervenção por parte desta Casa e, de outro lado, numa violência e numa afronta à autonomia do movimento estudantil.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Mas qual é o medo de vir numa Comissão prestar esclarecimento? Ninguém sairá preso daqui. Todos vão discutir. Agora, na categoria, Ver. Isaac Ainhorn, na categoria dos estranhos - eu peço atenção do Ver. Adeli Sell e do Ver. Isaac Ainhorn -, na categoria das questões estranhas, Ver. Isaac Ainhorn, eu gostaria que o senhor prestasse atenção neste ofício que está em minhas mãos agora. Segundo o Presidente do DCE, que o senhor defende, o Rafael Fleck, o pleito eleitoral na PUC foi todo regular, porque o edital foi publicado no dia 10 de maio, Ver. Antonio Hohlfeldt, mas olha só o que temos aqui, Ver. Antonio Hohlfeldt, da Pró-Reitora de assuntos comunitários da PUC. Vou ler ofício da Pró-Reitora de Assuntos Comunitários da PUC Professora Helena de Oliveira: Atendendo pedido do Presidente da UNE - o que diz este ofício: “Atendendo a seu pedido, informo que esta Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários recebeu informalmente, no dia 15-05-2002, às 19h30min os editais de convocação das eleições para o DCE desta Universidade, convocados para os dias 16 e 17”, Ver. Pedro Américo Leal.

Esta é a prova de que os editais não foram divulgados, e que, inclusive, a Reitoria da PUC, a Pró-Reitora Helena de Oliveira não tinha conhecimento dos editais e que os recebeu informalmente no dia 15, às 19h30min, um dia antes das eleições. Isso é estranho, Ver. Isaac Ainhorn. Isso é que nós devemos estranhar, e não as pessoas participarem de uma Comissão de Educação para prestar esclarecimentos. Isso não é intervenção. Isso aqui é que envergonha o movimento estudantil, esse tipo de manipulação no DCE da PUC, e não custará ao DCE da PUC, aos alunos da PUC e à Reitoria estarem presentes na Câmara Municipal de Porto Alegre. Qual é o problema? Ou queremos esconder alguma coisa?

Vamos tratar esse assunto com transparência. Se nada deve, nada teme; que venha prestar esclarecimentos, e venha explicar por que a Pró-Reitora da PUC manda um ofício ao Presidente da UNE dizendo que não sabia dos editais e que só recebeu de maneira informal. Ora, essa ditadura de dez anos do DCE da PUC é que está chegando ao final. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Grande Expediente, pelo tempo que lhe cede este Vereador.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs, Vereadoras, há poucos instantes, voltei a conversar com a Diretora do Theatro São Pedro, a Sr.ª Eva Sopher, que está cada vez mais desesperada com os ônibus de turismo que, agora, não só param ao lado do teatro, quanto invadem a própria área defronte ao Theatro São Pedro. E a EPTC? Nada, absolutamente ausente! Não é uma coisa muito difícil para se entender. Aí começamos a pensar se não corre bolo por fora. É a única explicação que temos para poder entender uma coisa dessas.

Eu quero, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, falar de um outro assunto extremamente grave. Não sei se a Câmara pode fazer um destaque. Com todas as nossas discussões na sexta-feira acabei não me pronunciando a respeito de uma manchete da Zero Hora de sexta feira: “Susto e perigo na Capital”, relatando um acidente - eu diria anunciadíssimo - ocorrido na madrugada de quinta para sexta-feira num condomínio da Rua Álvaro Alvim, exatamente ao lado Hospital da Ulbra. Pedras, com algumas toneladas, despencaram do terreno ao lado do condomínio amassando dois carros – absolutamente – e poderiam, evidentemente, ter matado muitas pessoas.

Eu, por um acaso, conheço muito bem o condomínio, porque tenho ali conhecidos, amigos. Vou a esse condomínio habitualmente. Há cerca de três anos me envolvi com essa situação. Na verdade, o condomínio foi construído em condições efetivamente precárias. A primeira grande responsabilidade é da Prefeitura, como diz a atual responsável por todo o condomínio a uma entrevista depois do acontecido: a Prefeitura deu o habite-se! E, portanto, a Prefeitura é responsável por tudo o que ocorrer ali. O mais grave, no entanto, Sr. Presidente, é que há anos o condomínio vem tentando resolver o problema. Vamos registrar: é um condomínio de classe média/média, classe média/baixa. Não é nada estrondoso, basta olhar os apartamentos. Há anos a Prefeitura finge que não tem nada a ver com a história. E o pior: a disputa é entorno de quem é o dono do terreno vizinho. A Prefeitura jura que não é dela! O condomínio garante que a propriedade é da Prefeitura Municipal.

Em cima dessa situação, eu fui ao Cartório de Imóveis, Ver. João Antonio Dib, que é o melhor caminho a se fazer. E no Cartório de Imóveis nós tivemos a certeza de que a área lindeira, onde estão essas pedras que caíram, é da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Mas, na entrevista de sexta-feira, os representantes da SMOV voltam a afirmar que a área não é da Prefeitura e que ela está em litígio, que ela teria sido cedida para terceiros. Ora, ceder para terceiros não retira propriedade! Portanto, a área continua sendo da Prefeitura! No entanto, quatro dias depois do acidente - e nós poderíamos estar lamentando até dezenas de mortes, senão o ruir de uma parte de um prédio -, a Prefeitura se nega sequer a retirar as pedras.

Há anos tramita um processo na Justiça em torno dessa disputa; há anos o condomínio consegue ganhar numa primeira instância, e a Prefeitura apresenta recurso na instância seguinte, bloqueando o andamento do processo. Há pelo menos três anos esse acidente era um acidente anunciado. Acho que o Ver. Estilac Xavier, na época, titular da SMOV, chegou a conhecer esse assunto, embora não esteja passando a S. Ex.ª a responsabilidade, até porque a briga é maior nos últimos dois anos.

Eu acho lamentável, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a omissão sob todos os aspectos! Em primeiro lugar, por um habite-se da Prefeitura. Eu gostaria de poder recuperar a história desse habite-se desse condomínio da Rua Álvaro Alvim. Quem foi o irresponsável que deu um habite-se nessas condições? São centenas de apartamentos, e, pelo menos em uma área imensa, de 20, 30m corridos na parte de trás do condomínio todo, essas pedras podem cair a qualquer momento, há anos.

Em segundo lugar, surgido o problema, denunciado o problema - que vem sendo denunciado há quase uma década, nessa disputa -, porque a Prefeitura se limita única e exclusivamente a empurrar com a barriga processos na Justiça? E fica fazendo essa coisa que, infelizmente, se permite ao Poder Público, que é a demanda de má-fé. Perde na primeira instância, não cumpre; vai para a segunda, perde, não cumpre; vai adiante. Nós tivemos, na semana passada dois carros destruídos, um susto terrível, na madrugada, para todos os moradores do condomínio; mas, felizmente, pela hora da madrugada, não tivemos mortes.

Até agora a Prefeitura não fez absolutamente nada, nem sequer um técnico da SMOV compareceu lá no local para fazer análise, para interditar, para verificar se é necessário, eventualmente, retirar pessoas, sobretudo depois das chuvaradas desta madrugada. A isso eu diria: omissão criminosa, que envolve diretamente a Secretaria Municipal de Obras e Viação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Que fique registrado, portanto, com absoluta clareza, que as pessoas que deram a entrevista em nome da Prefeitura, dizendo que a Prefeitura não tem nada a ver, no mínimo mentiram. Tanto a Prefeitura tem a ver, que está envolvida em processos que se sucedem na Justiça.

Talvez, em todo o caso, a Prefeitura espere morrer alguém, talvez espere morrerem crianças, talvez espere morrerem os idosos, os que costumam transitar nesse pequeno corredor de acesso do condomínio, e daí resolvam fazer alguma coisa.

Por enquanto foram dois carros, foram sustos, e foi, certamente, o temor daqueles que, sobretudo, moram mais próximos a essa pedreira de que durante madrugadas, depois de chuvas, como a desta noite, outras pedras se soltem e venham a cair, e aí não caiam no espaço livre sobre carros, mas eventualmente rolem e venham a bater nos prédios, quem sabe lá ferindo ou derrubando algumas daquelas construções.

Eu gostaria de ouvir, sim, representantes do Partido dos Trabalhadores da Prefeitura nessa situação que me parece extremamente perigosa e que precisa ser encaminhada e resolvida, não na Justiça, mas em questões anteriores, práticas, objetivas, concretas, que evitem outro acidente que poderá ser bem mais fatal do que esse que tivemos na semana passada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ex.mo Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou falar de mim. É sempre muito difícil falar de si próprio, mas eu me tenho como um homem muito mais direcionado e vocacionado para o Poder Executivo do que para o Poder Legislativo. Todavia, os Governadores que, em série, ocuparam o Piratini não julgaram assim, apesar de serem meus amigos.

Cumpri dois anos na Secretaria de Segurança e, nesse período, levantei o Instituto Médico Legal, o Grupamento de Operações Especiais, a UGAPOCI – União Gaúcha dos Policiais Civis –, CIRETRANS, o Plantão Centralizado, dei edifício ao plantão do Pronto Socorro; enfim, algo que levantei do chão como a Escola de Polícia, é a realidade, que não poderíamos fazer no Legislativo. Isso me tortura! No Legislativo se conduzem papéis, muito embora eu não possa me queixar, porque saiu de minhas iniciativas o Agrupamento Mauá do Corpo de Bombeiros; na Praça Glênio Peres, surgiu o posto da Brigada Militar; e agora temos esse casario, que a Prefeitura nos ajudou, e que vai dar lugar a uma visibilidade melhor; criamos o Centro de Apoio Integrado, invenção nossa, que se espalha pelo Brasil.

Mas por que estou dizendo isso? Por que levei nove anos para fazer este retrospecto? Pois acabei de receber um ofício do Secretário de Saúde que demonstra exatamente o que gosto: fazer coisas, levantar coisas, e não só conduzir papéis. Diz o Sr. Secretário, num ofício que está comigo há uns cinco ou seis dias, e me surpreendeu, porque eu não pedi, e nem esperava isso dele. (Lê.)

“Ex.mo Sr. Vereador, durante o transcurso do ano 2000, V. Ex.ª acompanhou de perto a tramitação do Projeto de Lei que visava a autorizar o Município de Porto Alegre a adquirir imóvel destinado à instalação da Coordenação-Geral de Vigilância Sanitária desta Secretaria. Foi decisivo o apoio de V. Ex.ª, que culminou na aprovação do Projeto.

Na Sessão da colenda Câmara de Vereadores de 6 de maio do corrente, foram levantadas dúvidas sobre o processo e sobre a situação do prédio adquirido. É dever nosso esclarecer a V. Ex.ª sobre o assunto. Para tanto, estamos encaminhando, em anexo, relatório com o cronograma de todas as etapas cumpridas no processo, sublinhando que o contrato para a execução das reformas já foi assinado e a empresa vencedora já está liberada para iniciá-las.

Gostaríamos de insistir também na informação de que os recursos utilizados eram destinados exclusivamente a ações de vigilância sanitária, incluindo a possibilidade de aquisição do imóvel, não tendo havido deslocamento de recursos destinados a assistência. Agradecemos a atenção de V. Ex.ª e, oportunamente, pretendemos convidá-lo para visitar” - mais uma vez, isso não está escrito aqui, seria a terceira – “as obras em questão. Atenciosamente, Joaquim Kliemann, Secretário de Saúde do Município.”

É exatamente isso que gosto. Quero ver as coisas erguidas do chão. Quero realidade, não quero papel. Não fui feito para papel. Não sou melhor do que ninguém, mas sou assim.

Então, ele trouxe as informações sobre o imóvel da Av. Padre Cacique, n.º 372, da sua instalação e exploração, que foi posto em dúvida, pelo Ver. Sebastião Melo, o trabalho da Secretaria de Saúde, da Vigilância Sanitária. Mas por que é que ele colocou em dúvida? Não sei. Segundo ele, porque parecia estar parado. Eu não tinha dúvida de que estava andando, e fui surpreendido por esse ofício de S. Ex.ª.

Ora, meus senhores, o que estou dizendo aqui combina com a minha pessoa. Gosto de coisas feitas. Não podia ver a Vigilância Sanitária com duzentas e cinqüenta pessoas entulhadas naquele pombal, a Secretaria Municipal de Saúde, naquela esquina, antes de chegar ao viaduto que não acaba, viaduto que não acaba nunca nas mãos do nosso colega Guilherme Barbosa. Segundo se sabe, foi previsto mais um avanço, de um mês, para a sua conclusão. Ali está, na esquina, esse pombal, que abrigava duzentas e cinqüenta pessoas da Vigilância Sanitária. Como é que eu, Presidente da Comissão de Saúde, podia ser indiferente a essa realidade? E o dinheiro estava previsto para a compra do edifício. E se não estivesse previsto, eu conseguiria encampar para comprar.

Vou dizer uma coisa: o que falta ao Legislativo é a coragem do Executivo, e o que falta à democracia que nós temos aí é a democracia militar; uma democracia que resolve, que impõe, que mantém ordem, que cria, que levanta.

Assim eu fui feito e assim eu fui criado, e daí não posso me afastar. Por isso, confiei e fiz tanto esforço para que esse imóvel fosse comprado. Está terminando...

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É claro que todo mundo reconhece o trabalho de V. Ex.ª, não apenas na compra desse imóvel, mas em tantas outras lutas em que V. Ex.ª foi vitorioso, só que acontece que esse imóvel foi comprado por 1 milhão e 400 mil...

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Um milhão e 300 mil.

 

O Sr. Luiz Braz: E já faz mais de ano. Se havia urgência para essa compra, se era necessário realmente se gastar um milhão e meio de reais naquela época, é porque se precisava urgentemente - já faz mais de ano - e faltam medicamentos nos postos de saúde. É a pergunta que faço a V. Ex.ª - e é claro que não é V. Ex.ª que tem de responder, mas o Secretário da Saúde -:  Quais são as prioridades do Município? São os remédios que faltam nos postos ou é a compra de um prédio para que as pessoas fiquem trabalhando mais confortavelmente?

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: A expressão não é “confortável”. Duzentas e cinqüenta pessoas se entulhavam naquele pombal de quatro andares. Era preciso, de uma vez por todas, terminar com isso, e terminamos; e estamos conversados.

Vamos decidir; é o que falta ao Poder Legislativo, que não decide. É um Poder que não decide; é um Poder que fica patinando na rampa, sem nunca subir. Falta ao Poder Legislativo determinação. É disso que sinto falta, do que tinha no Executivo. Se os Governadores do meu Partido, meus amigos, não quiseram reproduzir as minhas façanhas de dois anos é problema eleitoral deles. Entendido, Ver. Luiz Braz? Problema eleitoral deles! Não queriam correr o risco de colocar um Secretário que ameaçasse a futura eleição deles, e por isso é que eles não me nomearam duas vezes, convidado e desconvidado, e hoje estou aqui, aguardando que se lembrem de mim, já perdi as esperanças. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, oito minutos, quase não consigo tempo para falar em oito minutos, quase sempre falo em cinco, correndo, mais os apartes, tenho de falar bem ligeiro, e hoje temos oito minutos para falar, então vamos falar, dentro dessa pampa aberta de oito minutos, em três assuntos.

O primeiro assunto que trago é que fui relator dessa compra, que o Ver. Pedro Américo Leal aqui falou. É evidente que esse dinheiro só poderia ser usado no mister que foi, e o Ver. Luiz Braz, como advogado que é, acredita que não pode ser usado para comprar remédios. Claro que eu quero que comprem remédios.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu não disse que poderiam ser comprados remédios. Esse um milhão e meio não seriam exclusivamente para a compra de prédios, eles poderiam ser usados para outras coisas dentro daquele setor. Mas o que digo é que se poderiam comprar remédios – na área da saúde - com o dinheiro que é, às vezes, muito mal aplicado em publicidade e outras coisas desnecessárias

 

O SR. DR. GOULART: Tem razão. Queria dizer que o índice de correção do Ver. Luiz Braz é célere como nos anos anteriores, ele começou com 1 milhão e 400 e já está em 1 milhão e 500, e o prédio custou 1 milhão e 300 mil reais. Correção rápida do Ver. Luiz Braz, rapidíssima.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: É a inflação do real.

 

O SR. DR. GOULART: Sim, é a inflação do real, que bom que fossem juros para nós.

Bom, esse prédio precisava ser comprado para dar um local definitivo à Vigilância Sanitária, para organizar, para poder estudar, para poder planejar. Já que a saúde não está indo bem como gostaríamos, agora teremos uma fonte de dados, de estudos, que é o Centro da Vigilância Sanitária.

Mas, queria dizer aos senhores que muito nos honrou a representação, não oficial, extra-oficial, desta Câmara, na Itália. Lá tivemos o nosso Assessor, Mauro Quadros, da Presidência desta Casa, visitando a região do Vêneto e nos trouxe uma iconografia, nos trouxe uma relação com aqueles partidos de esquerda de lá, dos quais ouvimos falar de maneira romântica aqui e que tantas vitórias sociais alcançaram, fazendo com que a Itália fosse um dos grandes países desenvolvidos, neste momento, no mundo.

(Mostra a fotografia.)

Aqui está o Assessor Mauro visitando dois prefeitos da região do Vêneto, quando levou material da nossa Cidade.

O Assessor Mauro Quadros visitou essa região e conheceu as cidades de Verona, Schio, Fregona, Firenze e Veneza. No dia 1.º de maio, Dia do Trabalho, manteve contato, na cidade de Vicenza, com dois sindicatos italianos: o UIL, sindicato socialista, e a CGIL, sindicato comunista. Nesses locais, apresentou-se como Assessor da Presidência da Câmara, presenteando os prefeitos com livros que falam das belezas de nossa Cidade. Foi sempre muito bem recebido por esses prefeitos, que mandaram para nós, que trabalhamos no centro-esquerda, as bandeiras dos seus sindicatos, e tenho o prazer de mostrá-las. Estas são as bandeiras dos sindicatos italianos de esquerda.

(Mostra as duas bandeiras.)

Vemos, agora, símbolos de sindicatos sobre os quais ouvimos falar muitas vezes de maneira romântica. O Ver. Reginaldo Pujol está todo arrepiado! Passando à prática, Ver. Pedro Américo Leal, não são só papéis, aqui estão as bandeiras dos sindicatos que se preocupam com a saúde dos doentes e que se preocupam muito com os trabalhadores na Itália.

Então, o nosso representante, o Assessor Mauro, fez um bom momento representando a cidade de Porto Alegre e eu não poderia deixar de dizer isso neste Plenário, porque é a nossa Cidade sendo levada para além-mar.

Outro assunto, senhores, é uma parceria que a Comissão de Saúde fez com o Sindicato Médico. O Sindicato Médico, com a anuência de todos os Vereadores da Comissão de Saúde, Pedro Américo Leal, Beto Moesch, Ervino Besson, Aldacir Oliboni e este Vereador, Presidente da Comissão, instituiu um número de telefone “0800”, para que, durante o dia, as pessoas que não consigam consultas especializadas telefonem para dar colaboração para o nosso levantamento de dados, que será bastante fidedigno.

Nós mediremos essa falta de consulta por especialidades por meio dessa parceria com o Sindicato Médico. Não serão afirmativas por intuição ou por observação, que não sejam científicas, isso vai ser medido. Vocês não imaginam a importância dessa anotação no telefone “0800”.

Também firmamos uma parceria com esse mesmo Sindicato e com Associação de Donas de Casa, que vão nos ajudar fazendo a pesquisa de campo, sabendo quais as medicações que faltam nas unidades de saúde do SUS. Teremos, também, não por intuição, não de maneira empírica, as nossas afirmações, mas teremos aqui, em breves momentos, na Comissão de Saúde, dados muito objetivos daquela denúncia que o presidente Argolo fazia aqui, desta tribuna, há alguns meses, de que não existem os exames, as consultas, e de que, principalmente, não existem os remédios básicos, Ver. Reginaldo Pujol.

Agora a Comissão de Saúde estará apta, por meio de boletins, a fornecer dados para todos os Vereadores, a ajudar o Sr. Prefeito e o Secretário de Saúde, dizendo quais são as medicações que faltam, para não deixar a nossa pobre gente sofrendo por aí. Essas duas parcerias serão de grande importância, entre o Sindicato Médico e a Comissão de Saúde. Anotar as consultas que faltam, anotar as medicações que faltam, e aí, respaldados cientificamente, traremos essa medida para este Parlamento, para que possamos endireitar algumas coisas que não estão bem nesses dois setores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o dia de hoje me traz à tribuna para enfatizar, com aplauso, a atividade de alguns e para lamentar, profundamente, a omissão de outros.

No dia de hoje, nas primeiras horas da manhã, às 05h30min, recebi um telefonema na minha casa. Era da minha filha, cujo automóvel, um modesto “Corsinha” 1995, pago, no consórcio, em sessenta prestações, havia naufragado na Av. Göethe, repetindo uma situação que eu vivenciei em outra área de Porto Alegre, há cerca de dois anos. Essa é uma lamentável situação com a qual convivem os porto-alegrenses, já que aqui nós somos vítimas das chuvas de verão, das chuvas de outono, das chuvas de inverno, das chuvas de primavera. Qualquer chuva aqui em Porto Alegre transforma a Cidade em uma área intrafegável, porque as águas pululam não só na Av. Göethe, mas na Av. José de Alencar, na Av. Assis Brasil, na Av. Osvaldo Aranha, na Av. Azenha, enfim, em todas as artérias principais da cidade de Porto Alegre, pontos de estrangulamento do trânsito, em face das inundações continuadas que ali ocorrem.

No meio dessa lamentável situação, dessa desagradável situação, dessa insuportável situação, eis que surge um fato digno do meu aplauso, e quero registrá-lo de forma muito expressiva da tribuna, já que é merecedor e exemplar. Na madrugada conturbada em que a minha filha ficou envolvida, Ver. Pedro Américo Leal, surgiram os elementos do Corpo de Bombeiros. Não fossem eles, não sei se a minha filha não correria risco de vida, já que o infortúnio se agravou, e ela tinha dificuldade, inclusive, de sair do veículo, que teve de ser rebocado por uma viatura do Corpo dos Bombeiros, que não tem a menor responsabilidade com esses fatos, ainda que se trate de uma calamidade e o Corpo de Bombeiros normalmente seja convocado para socorrer essas situações de calamidade pública, pela inação dos outros. Eu penso até que, daqui para diante, a nossa EPTC, que é tão eficaz na aplicação de multas, deve ficar de plantão nessas ocasiões e impedir o tráfego nessas ruas, porque qualquer pessoa, desavisadamente, acaba se envolvendo em situações de que não têm mais recuo, depois de ingressar nesses aguaçais não tem como sair e as conseqüências são semelhantes àquelas que ocorreram, lamentavelmente, com a minha família, nesta manhã.

Quero fazer esse registro da ação do Corpo de Bombeiros e, mais uma vez, reafirmar aquilo que tenho solicitado intransigentemente da tribuna: que o Governo do Município nos informe do diagnóstico dessa situação de calamidade que tem a cidade de Porto Alegre, nos diga quais os recursos de que precisa, que nós vamos encontrar, Ver. Luiz Braz, sem dúvida nenhuma, no próximo Orçamento, uma forma de alocar esses recursos para o Município de Porto Alegre e levantar esses pontos críticos que se agravam ano após ano, numa situação que mais do que lamentar temos de deplorar, porque ocorre numa cidade que se jacta de ter um grande índice de qualidade de vida e que submete os seus contribuintes a essas desagradáveis e constrangedoras situações.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu ouvi o quadro que V. Ex.ª descreveu; de fato, é tétrico. Nós perdemos a oportunidade de, em vez de termos criado esses tais de azuizinhos, termos reforçado com verbas o Corpo de Bombeiros, porque ele tem muito mais meios de assistência à própria população – como V. Ex.ª deve ter visto – porque ele ...

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sou testemunha.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: E nós daríamos para essa corporação mais ênfase para que ela se multiplicasse em recursos para poder dar uma assistência à população, a Polícia Civil também. Mas eles optaram por uma solução mágica, que foi criar a EPTC, fazer desaparecer o brigadiano da rua, a Polícia Civil nunca se encontra. As coisas da Polícia Civil e da Polícia Militar se deterioraram. Eu, que já comandei as duas, praticamente, chego à conclusão de que nós retrocedemos; ao invés de crescer, nós regredimos. Hoje em dia a segurança... V. Ex.ª não encontra ninguém na rua. Não há um brigadiano na rua! Por quê? Não sei! E onde é que está a guarda de trânsito? Não existe mais!

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Não existe mais. E onde é que está a guarda civil?

 

O Sr. Pedro Américo Leal: A guarda civil não existe mais, e onde foram esses homens?

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu quero até, Ver. Pedro Américo Leal, empolgado com o aparte de V. Ex.ª, que lhe agradeço, fazer mea culpa, sinto saudades do tempo em que a gloriosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul fazia a fiscalização de trânsito e impedia que situações como essa que vou descrever ocorressem. Cheguei, quinta-feira à noite, na minha residência e retirei da caixa de correspondência essa notificação vinda do Governo do Estado do Rio Grande do Sul - Secretaria de Justiça e da Segurança – Departamento Estadual de Trânsito, vazada, nos seguintes termos: “Notificação da imposição de penalidade. Processo administrativo n.º tal.” Observo que essa correspondência tem data de 18 de novembro de 1999 e que me dava um prazo para tomar providência. Nessa correspondência, assinada pelo Dr. Mauri Cruz, que conhecemos bem, diz que me está sendo imposta uma medida de cessação do uso da minha carteira de habilitação profissional emitida em 13 de fevereiro de 2001. Em 99 eles já estavam me cassando essa carteira!

O mais grave de tudo isso é que desde sexta-feira busco com a minha assessoria identificar a origem desse documento, porque não tem carimbo do Correio, não tem absolutamente nada. Na informação que o computador nos oferece, através da consulta, não aparece falta minha nos últimos dois anos. Tive situações anteriores ao ano de 99, em que justifiquei, depois de grandes discussões, e agora recebo essa comunicação. Tenho de endoidar, enlouquecer! Como e onde me defendo disso? Obviamente que isso está prescrito. Mas imaginem os senhores que amanhã ou depois posso ser submetido a um constrangimento na via pública face uma informação equivocada.

Está sendo reconhecido o erro do DETRAN, a única explicação que nos oferecem é que isso deve ser um erro, só que não dizem de quem foi o erro e por que o Secretário consta dessa situação, de assinar alguma coisa com data de novembro de 99 referindo-se a uma infração não-existente, a uma imposição de pena a uma carteira de habilitação profissional emitida no ano de 2001. É o contra-senso do contra-senso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Sebastião Melo.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, queria dar prosseguimento ao tema que o Ver. Zé Valdir levantou, aqui nesta tribuna, sobre a questão das multas em Porto Alegre.

Agradeço ao Ver. Sebastião Melo pela cedência do seu tempo, para que eu pudesse prosseguir nesta discussão importante e oportuna.

O Ver. Zé Valdir defende, com absoluta razão, a questão da proteção da vida. Todos nós defendemos isso, mas nós discordamos um pouco da metodologia adotada pelas Prefeituras do PT de São Paulo e Porto Alegre; mas vamos falar de Porto Alegre, que é o que nos interessa.

Nós e o Ver. Valdir Caetano temos um Projeto que tramita nesta Casa, absolutamente oportuno, que troca os pardais pelas lombadas eletrônicas; quer dizer, acaba-se com esse sistema, com esse processo, essa fúria arrecadadora dos pardais e se transfere para o controle de velocidade rigoroso das lombadas eletrônicas, absolutamente transparente para que todos possam conhecer e conviver com esse processo.

Se nós olharmos os números da arrecadação da EPTC, como ela é formatada, como ela foi alcançada nos seus diversos procedimentos, em primeiro lugar, as multas são feitas por intermédio dos agentes, dos azuizinhos, por intermédio das lombadas eletrônicas, por intermédio dos pardais, dos caetanos - que são aqueles controladores eletrônicos de esquinas que têm semáforos, sinaleiras, quando o motorista invade a sinaleira com o sinal vermelho -, e as multas por intermédio dos pardais móveis. Isso é uma resposta de um pedido de informações feito por este Vereador. Então são dados absolutamente corretos fornecidos pela EPTC. Os números dos anos de 1999, 2000, 2001. Se nós pegarmos, por exemplo, desde que foi instalada a EPTC, vamos chegar à conclusão de que, por intermédio dos agentes - dos azuizinhos-, são quinhentas e trinta e nove mil multas; as lombadas, trinta mil multas; os pardais, duzentos e trinta e sete mil; os caetanos, duas trezentas e setenta; os pardais móveis, três mil e quinhentas. Claro que há discrepância de época, os agentes começaram no processo, já no seu início em 99, os pardais em 99, mais as lombadas no ano 2000; e os caetanos funcionaram em 99 e 2000, daí resolveram desligar os caetanos. Os caetanos hoje não existem mais, e por isso eu queria fazer o contraponto com o Ver. Zé Valdir, porque este Vereador tem com clareza absoluta a idéia de que se nós quiséssemos educar os motoristas, sem dúvida alguma, se nós estivéssemos preocupados em fazer com que eles tomassem conhecimento das leis de trânsito, das normas de trânsito, nós estaríamos investindo em educação. Se nós pegarmos os números comparativos entre os pardais e as lombadas, e ambos servem para o controle de trânsito, ambos servem para o controle de velocidade, ambos servem para dar garantia à população, e eu diria mais: as lombadas com muito mais eficiência do que os pardais, porque os pardais têm uma relação única do equipamento eletrônico com o motorista infrator. A lombada eletrônica, não; é o equipamento eletrônico mas também tem relação com o entorno - não somente com aquele motorista que poderá ser o infrator, mas com o motorista que está a seu lado, com os pedestres que estão circulando nas vias ou que estão querendo atravessar as vias. Então, a lombada eletrônica tem um efeito sobre um entorno muito maior do que o pardal. Vamos pegar, por exemplo, o ano de 2001, desde o seu início, quando as lombadas eletrônicas começaram a funcionar em Porto Alegre: com toda a sua exatidão, com todas as lombadas existentes na Cidade, vamos chegar à conclusão de que no ano de 2001, através as lombadas, foram vinte e três mil multas, e pelos pardais foram cento e sessenta e oito mil; quer dizer, seis, sete vezes mais. Ora, ou os motoristas - e é aí que eu quero chegar - respeitam as lombadas porque convivem com elas, conhecem elas, elas estão amplamente sinalizadas e aos poucos nós poderemos cada vez mais educar os motoristas à exaustão, desde que eles conheçam cada vez mais estas lombadas, ou os pardais têm uma eficiência muito maior. E vejam que as lombadas em Porto Alegre têm uma velocidade limite de 40km/h e os pardais de 60km/h, maior ainda há o respeito do motorista a esses equipamentos.

Esses números servem para a sustentação do Projeto do Ver. Valdir Caetano da troca dos pardais pelas lombadas. Se pegarmos, e por isso que eu me referia no início do pronunciamento sobre a questão de Porto Alegre e São Paulo, Ver. João Antonio Dib, a Prefeitura Municipal de São Paulo, que é governada pelo PT, em matéria da Folha da última sexta-feira, que diz que a receita com multas cresce 215% nos últimos dois anos - quer dizer, um número absolutamente assustador, porque mostra que cada vez mais a população está tendo dificuldade em conviver com essa rigidez, não com as normas do trânsito -, diz aqui o técnico do DENATRAN: “Motorista desconhece lei.” Como vamos fazer com que os motoristas possam conhecer as leis do novo Código? Se nós fizermos grandes campanhas educativas, grandes campanhas informativas. Se não fizermos, se omitirmos a participação do ente político em relação à sociedade, sem dúvida alguma, cada vez mais vamos pegar esses motoristas de uma maneira despercebida, esses motoristas que desconhecem as regras, as normas. Eu falava antes com o Ver. Zé Valdir e ele dizia que em Curitiba há um número muito maior de pardais do que em Porto Alegre. É verdade, só que todos os pardais em Curitiba são amplamente sinalizados. Os pardais de Curitiba têm uma velocidade limite máxima de 70 km/; diferentemente de Porto Alegre, onde são 60km/h. Os pardais em Curitiba são nas radiais, são nas perimetrais, velocidade maior, menor tráfego de pessoas, devidamente sinalizados. E lá em Curitiba há um processo onde as duas primeiras multas são educativas e informativas, o motorista infrator só é penalizado na terceira multa, para que ele possa devidamente conhecer a instalação desse pardal. Parece-me, com clareza absoluta, que lá há o interesse objetivo de educar esses motoristas infratores, de educar motoristas que são descuidados. Assim se faz um trânsito mais equilibrado, sem termos a preocupação primeira e única da arrecadação.

Se nós analisarmos também Brasília, vamos constatar que lá há um número grande de pardais, mas lá em Brasília também há a mesma linha de raciocínio; lá a velocidade limite é 70km/h. Se nós pegarmos Porto Alegre e São Paulo, ambas capitais administradas pelo PT, estão aqui os números demonstrando isso, em ambas aumentou o número de multas, vamos constatar que as autoridades - em São Paulo e Porto Alegre - não têm o objetivo e não têm a função primeira da educação; têm o objetivo e a função primeira de arrecadar cada vez mais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, no final da semana retrasada, alguns jornais do Centro do País publicaram informações segundo as quais o Deputado Federal Aloísio Mercadante, do Partido dos Trabalhadores, era mais um - e eu digo mais um, porque são essas as denúncias que, normalmente, vêm do PT quanto à administração federal de Fernando Henrique Cardoso -, dos envolvidos com a Previ e as alegadas maracutaias das privatizações de telefonia e coisas semelhantes. Surpreendentemente, o Sr. Aloisio Mercadante, um dos pretensos denunciadores do Sr. Eduardo Jorge, então assessor do Presidente Fernando Henrique Cardoso, demitido exatamente por causa de denúncias, teria sido ele um dos que mais insistira para que os fundos de pensão da Previ, do Banco do Brasil, fossem daqueles a adquirir ações do setor das telecomunicações.

Ficou-se esperando a reação do Deputado, e ela veio na terça-feira: no programa Bom Dia, da TV Globo, surpreendentemente, o Deputado confirmou, concordou que havia entendido que era bom para o Brasil, era bom para a negociação que então se fazia, que não se tivesse um único grupo adquirindo ações e que, ao contrário, deveria haver mais participações. E um desses grupos fundamentais, que tinham cash, que tinham valor em dinheiro para fazer a aquisição era o Previ, e ele havia participado dessa aproximação. Aproximação, aliás, que resultou num ágio de quase 30% do valor daquelas ações, portanto em benefício do País e não contra o País, apesar de todo o escândalo que na época se criou.

Agora, tivemos, no domingo, quem leu o edição do Correio do Povo, na coluna que, me parece, ninguém vai dizer que é neoliberal, ou é tucana, do jornalista Elio Gaspari, uma longa entrevista com o Sr. Eduardo Jorge, aquele que era acusado pelo PT de ser o bandido da história e aquele que dá alguns detalhes curiosos sobre como foi toda aquela ação que redundou na venda de uma das empresas de comunicação, exatamente com a participação da Previ articulada, com a participação plena do Deputado Aloísio Mercadante, do PT. Eu fiquei esperando que houvesse manifestações do Partido dos Trabalhadores a respeito disso. É uma questão até de ética, de mea culpa, dizer: “Olha, as denúncias, realmente, nós as fizemos. Mantemos! Mas temos de reconhecer que também temos um dos nossos envolvidos.” Ou, ao contrário: “As denúncias, na verdade, se mantêm, mas elas não eram assim tão perniciosas ao País.” Porque se o Deputado Mercadante confirma a sua participação, nós só podemos entender das duas, uma: ou continua sendo contrário ao País e o Deputado Mercadante está tão envolvido quanto; ou, ao contrário, não era assim tão pernicioso ao País e o que se tentou foi, mais uma vez, fazer uma daquelas armadilhas contrárias ao Governo Federal a qualquer preço. Eu sugiro que se leia a entrevista do Sr. Eduardo Jorge.

Três, quatro anos depois do escândalo das denúncias, absolutamente todos os processos arquivados. Não há uma única questão pendente! Todas as suas contas abertas. Tudo vasculhado por aquele famoso procurador e promotor que se notabilizou pelas orelhas grandes. Nada encontrado! Nós conhecemos como as coisas acontecem... Na defesa, na justiça os espaços de mídia são pequenos, faz parte do jogo. Quem é figura pública, quem vive na administração pública sabe que corre esse risco. Lembremos aqui do ex-Ministro da Saúde que foi acusado de tudo. Anos depois se descobriu que ele não tinha culpa de nada. Mas aí, até se descobrir, realmente, quem havia feito essa denúncia, coisa difícil. Mas essa aqui foi mais rápida, mais simples. E aí dá para entender porque, de repente, as acusações contra as pessoas próximas ao Ministro José Serra, calaram-se. Ao que parece é mais uma dessas armadilhas, dessas petas. Cria-se o fantasma, derruba-se o cidadão, depois se esquece... Dois, três anos depois se descobre que, na verdade, ele não tinha culpa de nada. Dessa vez, curiosamente, três, quatro anos depois se descobriu que, se culpa houve, ela envolvia um deputado do PT, o Sr. Aloisio Mercadante. Parecida com aquela história do Senador Eduardo Dutra, também do PT, que ao que parece igualmente andou lendo as folhinhas que derrubaram o Sr. Antônio Carlos Magalhães do Senado, mas essa é uma outra história para falarmos em um outro momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Brum, no exercício da Presidência, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, hoje, aqui, poderíamos falar de vários assuntos extremamente importantes - como esse negócio que o Ver. Pedro Américo Leal e o Dr. Goulart vieram, aqui, na tribuna para tentar defender o PT por causa da compra daquele prédio por um milhão e meio quando faltam medicamentos nos postos de saúde -, mas não vou falar sobre esse assunto; vou deixar para um outro momento. Eu quero mostrar, hoje, a minha estranheza com relação a uma denúncia que surgiu e que acho que precisa ser muito bem comprovada, envolvendo o Deputado Petista Dionilso Marcon. Imaginem só, V. Ex.ªs, o Movimento Sem Terra tem cursos, através de uma associação fundada por esse Deputado Dionilso Marcon, do PT, para agricultores. Alguns agricultores aparecem através dos órgãos de imprensa e comprovam que não receberam os cursos, mas que o nome deles consta como se eles tivessem recebido e, mais do que isso, a assinatura deles aparece em documentos - e eles declararam para o repórter que são analfabetos e nem mesmo assinar o nome sabem. Aí, vai-se aprofundar no assunto e verifica-se o seguinte: que essa associação fundada pelo Deputado Dionilso Marcon é uma associação que recebeu, do Governo Federal, cerca de 1 milhão de reais - aliás, lá, os dados das cifras que são colocadas são de que é mais de um milhão de reais -, é o que recebeu essa associação para dar cursos para agricultores, cursos que não foram dados, de acordo com as denúncias que foram trazidas. Aí, nós vamos para a Constituição Federal, para o art. 55 da Constituição Federal, e leio em quais condições o Deputado pode perder o mandato. É verdade que fala aqui sobre os Deputados Federais, mas diz assim o art. 54: “Os Deputados e Senadores não poderão, desde a expedição do diploma, ser proprietários, controladores, ou diretores de empresas que gozem de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público.”

Ora, o Deputado petista Dionilso Marcon é o fundador de uma associação que recebe dinheiro - e não é pouco, é muito dinheiro - do Governo Federal para dar cursos no campo, cursos que não são dados, e esse Deputado Dionilso Marcon, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, não dá qualquer tipo de explicação pública para que a sociedade possa tomar conhecimento de como ele, proprietário, controlador dessa associação que ele criou para dar cursos aos agricultores, como é que essa entidade gastou esse 1 milhão de reais. Ora, não é pouco dinheiro! É um milhão de reais para cursos que não foram dados, e vejo que até agora todos se calam. Os Vereadores petistas que passaram por esta tribuna se calaram. Ninguém resolveu dar nenhum tipo de explicação. Eles, que são tão ávidos por fazer acusações, quando percebem que outras pessoas podem ter cometido algum tipo de deslize, desta vez não foram assim tão prestimosos em vir correndo à tribuna e dizer o que é que aconteceu com o Deputado Dionilso Marcon.

Como é que esse Deputado gastou mais de 1 milhão de reais nesta sua associação? Gostaria de poder ter esses esclarecimentos, e gostaria muito que o Deputado Dionilso Marcon, ligado ao Movimento dos Sem Terra, braço direito do Partido dos Trabalhadores, pudesse explicar como é que esse um milhão de reais desapareceu, sem que os cursos que eram para ser dados fossem ministrados, e por que as mentiras das assinaturas falsas surgidas nesses documentos que deveriam comprovar os gastos desses mais de um milhão de reais? Olha, essa, na verdade, é uma explicação que o PT deve à sociedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Srs. Vereadores, conforme prevê o Regimento, nós temos de colocar em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas para discussão e votação, pois esgotou-se o período regimental às 18h44min. Portanto, temos de colocar em prorrogação a Sessão por duas horas para discussão e votação.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Sessão só será prorrogada, de acordo com o nosso Regimento, para esgotar assuntos da Ordem do Dia. Como nós não entramos na Ordem do Dia não há como prorrogar a Sessão, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Foi exatamente isso que eu coloquei, Vereador. Portanto, está encerrada a presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h47min.)

 

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